Ministro diz que não será fácil adotar multilateralismo na política externa dos EUA

19/01/2009 - 5h26

Marco Antonio Soalheiro
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A declaradadisposição do presidente eleito dos Estados Unidos,Barack Obama, em respeitar mais o multilateralismo nas relaçõesinstitucionais, em contrapartida ao poder duro da intervençãomilitar, vai enfrentar resistências naturais em setores da sociedade americana. A opinião é do ministro deAssuntos Estratégicos do governo brasileiro, RobertoMangabeira Unger, que viveu grande parte de sua vida nos EUA. Ele deu aulas de direito e filosofia na Universidade de Harvard, onde tevecomo aluno o novo presidente. “Nãoserá fácil para os EUA priorizar o multilateralismo. Hámuita gente nos EUA que não quer que o país seja apolícia do mundo, mas que, ao mesmo tempo, teme a anarquiamundial. É preciso haver uma construção”,ressalvou Unger em entrevista exclusiva à Agência Brasil, na qual também avaliou a composição da equipe e o projeto de governo de Obama, além das possibilidades futuras para a relação entre Brasil e EUA. Segundoo ministro, as instituições e regras mundiais devem seradaptadas para que sejam “mais propícias” àcoexistência de modelos divergentes de desenvolvimento. “Outra ordem mundial, em que o objetivo seja a promoçãodo experimentalismo democrático-institucional, e não aimposição de uma fórmula única. Isso édo interesse do Brasil e dos EUA. Não interessa ao povoamericano escolher entre a retirada do mundo e a imposiçãode uma fórmula ao mundo. Nosso trabalho junto com os EUA podeser uma libertação para nós e para eles”,argumentou Unger.