Analista do Dieese diz que ainda é cedo para avaliar perspectivas da crise

19/01/2009 - 20h10

Kátia Buzar
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Ofechamento de 654.946 postos de trabalho formal em dezembro demonstrao impacto da crise financeira internacional na economiabrasileira. A afirmação é do sociólogoAntônio Ibarra, analista do Departamento Intersindical deEstatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). No entanto, ele afirma que ainda é cedo para avaliar as perspectivas da crise no país. “Embora o mês de dezembro tenha umasazonalidade de empregos, essa queda de mais de 654 mil empregosformais em dezembro assustou um pouco, porque é mais que odobro de outros dezembros (nos últimos trêsanos)”, afirmou Ibarra Ele explicou que considera prematura a avaliação das perspectivas da crise, porque ainda não se conhecem suas dimensões. “Não temos noçãodo tamanho do buraco – quando tudo parecia mais ou menos calmo, nasemana passada, o City Group e o Bank of America tiveram um aporte deUS $ 400 bilhões para poder se sustentar. Ou seja, nãose sabe até aonde vai isso, nem quantas grande companhias vãopedir empréstimos, vão pedir falência. Portanto,acho precipitado fazer análise de perspectivas do que vem aípela frente.”O sociólogo recomenda cautela aotrabalhador brasileiro. “O trabalhador tem que esperar um poucopara ver como vai sentir isso, e é fundamental nãofazer novos empréstimos. É óbvio que, noprimeiro momento, a classe trabalhadora sempre sai perdendo, porque oempresário está sempre tentando reajustar o lucro dele.A cada semana, a gente está tendo uma novidade.”Ibarra ressaltou que o Brasil, mesmo nãoestando blindado contra a crise, tem hoje uma condiçãoprivilegiada em relação a países desenvolvidos,como a França e a Alemanha. Segundo o analista do Dieese, umdos fatores que mais contribuíram para isso foi o fato de aeconomia brasileira ter se consolidado no cenáriointernacional. “Temos hoje inflação controlada,as reservas são boas, estamos no caminho certo. A crise vaiatingir o mundo inteiro, mas nos atingirá com menos impactoque outras, como a crise asiática em 1997”, concluiu Ibarra.Osnúmeros sobre o fechamento de postos de trabalho no país foram divulgados hoje (19) pelo ministro do Trabalho eEmprego, Carlos Lupi, com base nos dados fornecidos pelo CadastroGeral de Empregados e Desempregados (Caged).