Mariana Jungmann
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A partir do próximo ano a Frente Parlamentar de Combate à Corrução da Câmara dos Deputados pretende fazer um levantamento dos casos mais graves em estados e municípios para denunciá-los à sociedade.Segundo o coordenador da Frente, deputado Paulo Rubens Santiago (PDT-PE), que participou hoje (9) – Dia Internacional de Combate à Corrupção – de um debate na Câmara, os deputados agora vão retornar às suas bases e qualquer ação só se dará no próximo ano.“Vamos fazer uma caravana, para percorrer todo o país, e denunciar a morosidade do Poder Judiciário, a falta de atenção dos tribunais de contas, o descaso da sociedade”, afirmou Santiago.O deputado também denunciou as represálias sofridas por parlamentares, quando resolvem denunciar casos de corrupção. Segundo ele, outros agentes públicos, como funcionários dos tribunais de contas e promotores de justiça, não são tão vulneráveis quanto deputados e senadores. “A partir do momento em que você resolve denunciar a corrupção e combater grandes estruturas econômicas, que através da corrupção se mantêm no poder e formam riquezas enormes, essas estruturas se voltam contra você na eleição seguinte, através da compra de votos, da oferta de empregos em prefeituras e órgãos públicos. E é exatamente isso que faz com que o combate à corrupção no Congresso seja mais difícil”, apontou Santiago.Ele defendeu ainda que o envolvimento da população nesse tema e a criação de leis objetivas são essenciais para reverter esse quadro. “Nós só exercemos um mandato porque a população nos confiou seu voto e o seu apoio”, finalizou o deputado.Durante o debate, o representante da organização não-governamental (ONG) Contas Abertas, Francisco Gil Castelo Branco, apresentou alguns dados sobre a corrupção no Brasil e no mundo. Segundo ele, estima-se que esse tipo de crime movimente cerca de US$ 10,7 bilhões dólares todos os anos no Brasil. Castelo Branco também apresentou dado do Fundo Monetário Internacional (FMI) segundo o qual a corrupção movimenta no mundo, por ano, US$ 1 trilhão. O valor é mais alto do que os US$ 740 bilhões que são gastos no mundo com ensino fundamental todos os anos, de acordo com dados da Unesco.