Vendas em moedas locais entre Brasil e Argentina é primeiro passo para moeda única

08/09/2008 - 20h06

Stênio Ribeiro
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O acordo comercialentre os dois maiores parceiros do Mercosul, Brasil e Argentina, nosentido de facultar a cotação das vendas de bens nasmoedas locais “é um primeiro passo com vistas à moedaúnica na região”, segundo admitiu hoje (8) a diretora de AssuntosInternacionais do Banco Central, Maria Celina Berardinelli Arraes.Ela ressaltou, contudo,que, por enquanto, trata-se tão-somente de uma opçãode comércio entre os dois países, que vai começara operar no início de outubro, por meio da qual oexportador brasileiro pode registrar sua venda em reais com a certezade que vai receber o mesmo valor, sem as variações docâmbio em dólar, como é hoje.A alternativa, segundoMaria Celina, é oferecida basicamente aos pequenos e médiosempresários, que têm mais dificuldades em colocar seusprodutos no exterior, mas “depois das avaliaçõesiniciais, a opção será estendida aos demaisexportadores”. O que vai determinar a opção ou não,no seu entender, “será a constatação deredução dos custos de transação”.Ela disse que acomercialização ficará mais barata em virtude dainexistência de spread cambial, que é a diferençaentre as cotações de compra e venda do dólar.Será um custo mais próximo da taxa de câmbiointerbancário, acrescentou.A expectativa dos doisgovernos, de acordo com Maria Celina, é de crescimento docomércio bilateral entre Brasil e Argentina. Mas ela crê que“não será um crescimento tão rápido”,uma vez que se trata de um sistema novo, que ainda carece dedivulgação para ser melhor entendido. “Os resultadosmelhores virão a médio prazo”, emendou.Pela sistemáticaem implementação, todos os bancos comerciais interessadosem operar no comércio entre  os dois países, nasrespectivas moedas locais, terão que se credenciar junto aosbancos centrais brasileiro e argentino, aos quais compete a coordenação doSistema de Pagamentos em Moeda Local (SML).A diretora do BC disseque a adoção da nova sistemática foi amadurecidaa partir de consultas de instituições exportadorassobre a viabilidade de pagamentos do comércio bilateral emreais, e isso gerou conversas com a Federação dasIndústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e outrosórgãos que demonstraram interesse na discussão,até o estágio atual.