Bruno Bocchini
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - Apesar da intervenção do governo dos Estados Unidos nas duas principais agências de hipoteca do país, que gerou reação positiva em boa parte das bolsas de valores do mundo, boatos de que o crescimento da China estaria diminuindo derrubaram a cotação da maioria das empresas que negociam seus papéis na Bovespa (queda de 2,35%). A análise é do professor da Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo (FEA-USP), Manuel Enriquez Garcia."Talvez hoje não seja o melhor dia para associarmos a bolsa [de São Paulo] com as decisões tomadas nos EUA. Lá [o mercado de ações] subiu porque o risco sistêmico, o risco de que outros bancos venham a quebrar diminuiu consideravelmente. Aqui caiu porque os boatos com relação à China são muito fortes no sentido de que a China não vai ter o mesmo crescimento. Conseqüentemente, a demanda de commodities (produtos primários negociados no mercado internacional) vai diminuir e, com isso, os preços das commodities [também]", disse em entrevista à Agência Brasil.De acordo com o professor, como a bolsa de São Paulo é "comandada" principalmente por empresas que vendem commodities, a queda de hoje na Bovespa é justificada.Para tentar conter a crise do setor imobiliário dos EUA, o Tesouro norte-americano anunciou ontem (7) uma ajuda de US$ 200 bilhões às empresas de financiamento imobiliário Freddie Mac e Fannie Mae. "Uma parte dos investidores agiu com extremo otimismo. E outra entendeu que se o governo norte americano está ajudando, e está ajudanto tanto, então é sinal que os problemas são de extrema gravidade. Mas isso não foi entendido nos EUA. Lá o crescimento do Dow Jones [bolsa de valores] foi de aproximadamente 2,5%".