Da Agência Brasil
Brasília - A exportação de gás natural da Bolívia para o Brasil e a Argentina não deve ser afetada pelo bloqueio de estradas e a radicalização de medidas de pressão levadas a cabo por militantes contrários ao governo central boliviano. Pelo menos, essa era a expectativa do ministro boliviano de Hidrocarbonetos e Energia, Carlos Villegas, ontem.De acordo com a Agência Boliviana de Informação (ABI), até agora ainda não foram registrados pontos de bloqueio das válvulas de passagem do gás, como ameaçavam os cívicos da chamada “meia lua”, da qual fazem parte os departamentos de Bei, Pando, Tarija e Santa Cruz.Villegas afirmou que o governo nacional tomou as medidas necessárias para evitar que o conflito traga problemas para o envio dos volumes de gás solicitados pelos dois países vizinhos.Na direção oposta, para a fronteira oeste da Bolívia, o presidente da Câmara de Exportadores de La Paz (Camex), Guillemo Pou Mont, garantiu hoje que os bloqueios registrados nas regiões oriental e do chaco boliviano não afetam de forma significativa as exportações da região andina. Isso porque os empresários dessa área da Bolívia enviam seus produtos pelo Oceano Pacífico, e não pelas estradas, que estão bloqueadas.Segundo Pou Mont, ainda não existem números exatos das perdas geradas pelo bloqueio e outras medidas de força, mas elas equivaleriam ao montante exportado por cada departamento onde as manifestações são feitas. A Câmara de Exportadores de Cochabamba informou que as exportações do Chapare, que saem pelas estradas do sul, estão sofrendo uma perda de US$ 1 milhão por mês.Ainda de acordo com a ABI, o ministro Carlos Villegas afirmou que os bloqueios das estradas que interligam a “meia lua” trouxeram problemas no abastecimento de combustível dos próprios departamentos. “A situação de Villamontes, Yacuiba, Caraparí, Camiri, onde os comitês cívicos começaram os bloqueios, praticamente neste momento não têm capacidade de se abastecer com gás liquefeito de petróleo (GLP), nem gasolina, nem diesel”, disse.Ele qualificou como políticas as decisões de bloquear rodovias e radicalizar medidas de pressão tomadas pelo Conselho Nacional Democrático (Conalde), que acabaram gerando um “efeito bumerangue”, que repercute no prejuízo de empresários, produtores, vizinhos e comerciantes dos departamentos.Além do risco de desabastecimento e das ameaças de fechar as válvulas de gás natural, as manifestações também geram problemas para a sociedade civil.Quatro emissoras de rádio do departamento de Pando suspenderam desde sábado a transmissão da sua programação, por causa de agressões físicas e verbais, além de ameaças de morte contra os jornalistas das empresas. Em geral, as agressões e ameaças vieram do governo e dos cívicos do departamento.“Estamos vivendo um verdadeiro caos em Cobija, os meios de comunicação estão sendo amedrontados e seus jornalistas, perseguidos e atacados nas ruas”, realtou a delegada da Presidência boliviana em Pando, Nancy Texeira.