Alex Rodrigues
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O ministro da Defesa,Nelson Jobim, defendeu hoje (8) a permanência da AgênciaBrasileira de Inteligência (Abin) sob a subordinaçãoda Presidência da República. O ministro descartou apossibilidade de o órgão responsável porplanejar, executar, coordenar, supervisionar e controlar a atividadede inteligência poderia ser transferido do Gabinete deSegurança Institucional (GSI) para a sua pasta. “A Abin tem que ficarjunto à Presidência. A agência é umorganismo de informação, não é militar enão haveria razão nenhuma para ela estar no Ministérioda Defesa”, afirmou o ministro depois da cerimônia de possedo novo corregedor nacional de Justiça, ministro Gilson Dipp. Perguntado se o governoestá convencido de que o presidente do Supremo TribunalFederal (STF), Gilmar Mendes, e o senador Demóstenes Torres(DEM-GO) foram alvos de grampos telefônicos supostamenterealizados por agentes da Abin, Jobim se limitou a responder quecaberá à apuração da PolíciaFederal elucidar a questão. Segundo Jobim, duranteas reuniões ministeriais para discutir as denúncias, osparticipantes trataram apenas “da necessidade de uma manifestaçãoforte [por parte do governo] sobre o assunto e do afastamentotemporário da direção da Abin durante o tempoque durar as investigações sobre o caso. Assim como oministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional, generalJorge Félix, já havia feito ao depor à ComissãoParlamentar de Inquérito (CPI) das Escutas TelefônicasClandestinas, na semana passada, Jobim classificou como “política”a decisão do presidente Lula de afastar temporariamente ocomando da Abin.“Isso é umadecisão política. E quando você afasta alguémpara realizar este tipo de investigação você nãoestá atribuindo culpa a ninguém. A culpa decorre doinquérito. Você não pode antecipar juízode culpa”, declarou. O ministro tambémvoltou a afirmar que terá pouco a contribuir com a CPI duranteseu depoimento, que, a seu pedido, deverá ser remarcado para asemana que vem. “A única coisaque eu tenho são informações sobre a compra [dosequipamentos capazes de interceptar ligaçõestelefônicas]. Estou fora desse assunto”, disse oministro.Ele foi convocado aprestar esclarecimentos após ter revelado ao presidente LuizInácio Lula da Silva que a Abin utilizou a Comissão deCompras do Exército, em Washington, para adquirir equipamentosde escuta.