Sabrina Craide
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O ex-ministro da Fazenda Delfim Netto defendeu hoje(8) a participação do estado no desenvolvimento do país. Segundo ele,não existe desenvolvimento econômico sem um estado indutor. "Essa idéiaidiota de que o mercado é capaz de produzir crescimento é a coisa maisfalsa do mundo. Não existe nenhum exemplo histórico em que o estadotenha ficado de fora olhando o país crescer".Delfim Netto, que foi ministro da Fazenda entre 1967 e1974, durante o regime militar, disse que seu governo utilizou métodos,como a redução da taxa de juros e ampliação de prazos para orecolhimento de impostos, para aumentar o capital de giro e retomar ocrescimento econômico. Segundo ele, não existiu nenhum milagreeconômico durante sua gestão. "Não houve milagre, milagre é efeito semcausa. O crescimento do Brasil teve causas muito objetivas, que foi otrabalho dos brasileiros. Nada caiu do céu", disse. Ele contou também que, quando foi convidado peloentão presidente Costa e Silva para ocupar o ministério, propôs recuperar osuprimento de energia e reduzir a importância do café na economianacional que, na época, representava 70% da receita cambial brasileira. O também ex-ministro da Fazenda Ernane Galvêas lembrou que, em outrasocasiões, o governo lançou mão dos subsídios do estado pararecuperar o crescimento econômico e promover o equilíbrio na balançacomercial. "Foi o financiamento do BNDES para a infra-estrutura que fezcom que todo o governo do presidente Médici, agredido pelo primeirochoque do petróleo, mantivesse um crescimento econômico de 6%", disse. Galvêas, que foi ministro da Fazenda durante ogoverno João Figueiredo, entre 1979 e 1985, disse que, durante suagestão, o Brasil sofreu o segundo choque do petróleo, que fez o preço dobarril disparar de US$ 12 para US$ 36. Além disso, a economiabrasileira foi atingida pela alta da taxa de juros no mercado mundial,o que resultou em uma retração de 6% no Produto Interno Bruto(PIB) brasileiro. "Tivemos que redobrar os esforços para conter asimportações e fazer com que as exportações crescessem", disse. Os dois ex-ministros participaram do primeiro painel doSeminário Desenvolvimento Econômico: Crescimento com Distribuição deRenda, realizado pelo Ministério da Fazenda em comemoração aos 200 anosda instituição.