Combate à fome reafirma importância da obra de Josué de Castro, avalia filha do geógrafo

06/09/2008 - 10h41

Mariana Jugmann
Enviada Especial
Recife (PE) - No dia do centenáriodo geógrafo, médico e escritor pernambucano Josuéde Castro, sua filha, Anna Maria de Castro, considerou que osprogramas sociais do governo – inspirados nele – e o PrêmioJosué de Castro de Boas Práticas em Gestão deProjetos de Segurança Alimentar e Nutricional, lançadoontem (5), são o retorno dele ao Brasil.“Ele estávoltando como não pôde fazer em vida. Depois de seralijado de sua cidadania, ter seu passaporte brasileiro cancelado eseus livros banidos das universidades, esse é o grande retornodele”, declarou Anna Maria. Ela, que também ésocióloga, disse que o pai morreu – em 1973, em Paris – detristeza pela saudade da terra natal e achando “que nãotinha feito nada”.Filho de retirantes daseca nordestina, Josué de Castro foi pioneiro no mapeamento dodrama da fome no Brasil. Em 1946, ele lançou Geografia daFome, seu mais conhecido livro, já traduzido para 25 idiomas.Ele também é autor de Geopolítica da Fome e deoutros livros que o identificaram com o tema da fome.Durante o lançamentodo prêmio, o presidente do Conselho Nacional de SegurançaAlimentar e Nutricional (Consea), Renato Maluf, lembrou que Josuéde Castro – cujos direitos políticos foram cassadas peladitadura militar em 1964, quando era embaixador do Brasil naOrganização das Nações Unidas (ONU), emGenebra - é patrono do conselho e disse que o clima de que afome está vencida no país atrapalha.“Dizer que a fome foivencida seria dizer que nós deixamos de ter um sistemaeconômico e social que produz desigualdade, o que não éverdade. E a fome é produto desse sistema”, afirmou Maluf.De acordo com ele, aspolíticas públicas de combate à fome devem serpermanentes. “Até no país mais rico do mundo, osEstados Unidos, existem programas de segurança alimentar. Issoé sinal de que essa sociedade cria mesmo desigualdade o tempotodo. Uma coisa é dizer que os programas são eficazes erelevantes, outra coisa é dizer que o problema estáresolvido”, completou o presidente do Consea.