Sabrina Craide
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O maior risco de deixarsob responsabilidade da Petrobras a exploração depetróleo na camada pré-sal é ter as decisõesdo governo contestadas pelos acionistas minoritários daempresa. A avaliação é do economista e mestre emCiência Política Lécio Morais, que defende acriação de uma nova estatal para administrar as recentes descobertas de petróleo no país. Ele explicou que, como aPetrobras está submetida à Lei das Sociedades Anônimas,ela deve respeitar os interesses dos seus acionistas minoritários,que podem questionar na Justiça as decisõesgovernamentais sobre as formas de exploração e aexportação do petróleo encontrado. “Isso faz com que aPetrobras não seja o melhor instrumento para o Estadobrasileiro utilizar na exploração dessas reservas”,disse o especialista hoje (25), em entrevista à RádioNacional. Morais lembra queinvestidores privados detêm 58% do capital da Petrobras, dosquais 30% estão nas mãos de estrangeiros, especialmentena Bolsa de Nova York. Na avaliaçãodo especialista, a criação de uma estatal paraadministrar a exploração do petróleo proveniente do pré-sal,garantiria autonomia àUnião, inclusive sobre a gestão dos recursos. “A receita dessa estatal não vai entrar no orçamentoda União, pode ser destinada especificamente para determinadosprogramas ou até para ser uma das fontes de receita do FundoSoberano”, afirmou. O economista citou como exemplo omodelo de exploração adotado na Noruega, onde, alémde uma estatal que explora o petróleo, existe uma empresa dogoverno que atua como uma espécie de “síndica”,controlando a propriedade das reservas.