Vitor Abdala
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Assembléia Legislativa do Rio (Alerj), que investiga a ação de milícias no estado, já recebeu mais de 700 denúncias por meio do seu serviço telefônico. A informação foi divulgada pelo presidente da CPI, deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL). Segundo o deputado, as denúncias, que podem ser feitas pelo telefone 0800 28 20 376, têm contribuído muito para o trabalho da CPI. Graças ao chamado Disque Milícia e a depoimentos de autoridades e especialistas, os deputados traçaram um mapa da atuação desses grupos paramilitares, que controlam territórios, exploram serviços ilegais (como TV a cabo clandestina e segurança irregular) e contam com a participação de agentes de segurança do Estado. “Essa discagem é muito importante porque é a forma de a população participar. Sabemos que esses grupos operam muito com a lógica do terror, então a convocação dessas pessoas para depor na CPI pode colocar a vida delas em risco. Por isso, o Disque Milícia permite, como não há identificação de quem está denunciando, que essa população possa diretamente participar sem colocar sua vida em risco”, afirma Freixo. O deputado explica que, hoje, os principais pontos de atuação das milícias na capital são Jacarepaguá, onde várias milícias disputam controle das favelas, e Campo Grande, na zona oeste, onde a quadrilha Liga da Justiça, supostamente liderada pelo deputado estadual Natalino Guimarães e pelo seu irmão, vereador Jerominho, ambos presos, tem forte presença. Mas há também presença, ainda embrionária, desses grupos em outros 13 municípios do interior, como Volta Redonda, e da Baixada Fluminense, como Itaguaí. Um crime ocorrido recentemente em Itaguaí, aliás, chamou a atenção de Freixo: o assassinato, no último dia 19, do líder comunitário Jorge Martins, que vinha denunciando a atuação de milícias em sua cidade. De acordo com Freixo, a CPI encerrará sua primeira fase nesta quinta-feira (28), quando ouvirá especialistas e membros do Ministério Público. A segunda fase, prevista para a semana seguinte, incluirá a convocação de suspeitos de envolvimento com as milícias no Rio de Janeiro. O relatório parcial da CPI, criada em junho deste ano, deverá sair no dia 15 de setembro. Já o relatório final está marcado para o dia 15 de novembro.