Ato em São Paulo pede a abertura dos arquivos da ditadura e respeito à memória das vítimas

24/08/2008 - 17h51

Flávia Albuquerque
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - Integrantes de seis movimentos populares realizaram hoje (24) um ato na capital paulista para homenagear mortos e desaparecidos políticos que passaram pelo antigo prédio da sede operacional do Departamento de Operações Internas-Centro Operacional de Defesa Interna (DOI-CODI), que funcionou na rua Tutóia, no bairro do Paraíso, na capital paulista, no período de 1968 a 1977. Os manifestantes também pedem a punição de todos os que praticaram atos de tortura, além da abertura dos arquivos para que as famílias das vítimas descubram quem foram os responsáveis pelos atos contra seus parentes.Segundo o responsável por um dos grupos organizadores do ato, Paulo Fávero Gomes e Silva, os grupos querem ainda mostrar que o espaço onde funcionou o DOI-CODI ainda existe e continua presente. Naquele local  funciona hoje o 36º Distrito Policial de São Paulo, "em vez de deixar de ser da polícia e se tornar um museu da resistência e da memória para  mostrar que foi aqui o espaço onde a tortura matou oficialmente 64 pessoas e mais de 500 torturados registrados”.Fávero explicou ainda que o movimento foi idealizado por grupos integrados principalmente por jovens para que a nova geração conheça e fique atenta às questões históricas do país e que, na avaliação dele, estão sendo apagadas, "como se não conversando fosse resolver e sabendo que esse passado de tortura nunca deixou de cessar mesmo com o final da ditadura militar”.Os grupos entregarão um manifesto às autoridades pedindo a abertura integral de todos os arquivos da ditadura; a recuperação de lugares que foram centros de torturas; políticas públicas para a recuperação da memória individual e coletiva e direito à justiça. “Queremos ainda articular vários grupos que têm divergências do passado e pequenas divergências atuais para que consigamos fazer outras ações em busca desses objetivos”, disse Fávero.