Mylena Fiori
Repórter da Agência Brasil
Pequim (China) - Nãofoi igual à cerimônia de abertura. O clima, agora, era de despedida.Mas nem por isso os chineses estavam tristes. Pelo contrário. Estavamfelizes, orgulhosos pelos Jogos já chamados de Olimpíadas do século,orgulhosos pelo desempenho dos seus atletas, orgulhosos de seu própriopaís. Com rostos pintados, adesivos colados pelo corpo e bandeiras daChina, milhares de chineses foram às ruas de Pequim acompanhar asqueimas de fogos em diferentes pontos da cidade – como no dia oito dooito de 2008. Queriam sentir um último gostinho da grande festa esperada há décadas e preparada durante sete anos. Pena que durou só 17 dias.Longedo centro, no Estádio Olímpico conhecido como Ninho de Pássaro, agrande cerimônia de encerramento dos Jogos Olímpicos de Pequim sócomeçaria às 20h. Os fogos estavam marcados para as 22h. Mas Liu CaiMei, 21 anos, não queria perder a festa por nada. Às 17h, ela e seteamigos já estavam nas redondezas da Praça da Paz Celestial - ondehaveria uma grande queima simultânea à do Ninho - esperando peloespetáculo final. Ela não chegou a ir aos jogos, mas assistia a tudopela televisão. Diariamente. “Foi muito legal. Estou feliz e orgulhosada China pois ganhamos muitas medalhas de ouro”, diz.Aspequenas irmãs Wen Jiang Mei, 10 anos, e Wen Jiao Jiao, 14,saíram de casa às 19h e caminharam por quase uma hora até chegar àpraça central de Pequim. Foram com a prima Lin Wei, 20 anos.Pergunto se estão tristes porque está terminando. “Mais ou menos. Vousentir saudades pois não vai ter mais jogos legais aqui”, responde amenor, fã de ginástica artística “Triste, não, mas claro que vou sentirsaudades. Ficaria mais feliz se as Olimpíadas durassem mais tempo”,reitera Jiao Jiao. A mais velha diz que está feliz porque a Chinaconquistou muitas medalhas. E repete o sentimento das primas: “Vousentir saudades”.Osestudantes Zhang Xialoli, Zhao Yong e Wang Xiaomei, todos de 20 anos,chegaram três horas antes da esperada queima de fogos. Wang se diz umpouquinho triste, mas porque não teve chance de ir ao Ninho de Pássaro.Também assistiu a tudo pela TV, como em Jogos anteriores. “Essa vez foia melhor porque foi aqui. Os chineses são muito bons”, diz com oufanismo que tomou conta do país nos últimos sete anos e, com aindamais intensidade, nos últimos 17 dias.GuoYi Jun foi um dos milhares de taxistas que tiveram que trocar seu carrovelho e poluente – um antigo Citroen - por outro mais novo, como medidado governo para os Jogos Olímpicos. Como recompensa, aumentou ofaturamento nas últimas semanas.Hoje,mais do que nunca, tem orgulho do seu país. “Estou feliz porque tudosaiu perfeito, mas já estou com saudades porque está terminando”, diz,enquanto nos conduz de volta para o hotel. “Gostaria que a Chinahospedasse mais Olimpíadas.”