CPI da Pedofilia quer incluir testemunha de crimes em Roraima em programa de proteção

12/08/2008 - 21h43

Mariana Jungmann
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O presidente da CPI da Pedofilia, senador Magno Malta (PR-ES), solicitou ao Ministério da Justiça e à Secretaria Especial de Direitos Humanos (SEDH) que a cafetina Lidiane Nascimento Foo seja incluída no Programa de Proteção à Testemunha. Ela é uma das principais testemunhas contra os acusados na Operação Arcanjo - deflagrada pela Polícia Federal em Roraima -,que prendeu por pedofilia, entre outras pessoas, o então procurador-geral do estado, Luciano Alves Queiroz, empresários e um major da Polícia Militar. Chorando no começo do depoimento à CPI, Lidiane alegou hoje (12) que não aliciava as meninas – todas conhecidas, moradoras do mesmo bairro que ela. “Elas é que me procuravam e pediam para eu ligar para eles. Eu nem sabia que isso era crime. Eu cresci assim, isso era meu mundo”, afirmou.Atualmente com 25 anos, ela disse que era abusada desde os 11 anos por Luciano Alves Queiroz, procurador-geral de Roraima na época da operação. “Conheci ele na porta de um supermercado onde eu catava lixo. Depois ele me pegava na porta do colégio, como fazia com outras crianças até pouco tempo, quando foi preso”.Ela levava meninas de 13 a 17 anos para o ex-procurador e os irmãos José Queiroz da Silva, conhecido como Carola, e Valdivino Queiroz da Silva – ambos empresários, donos de redes de concessionárias e eletrodomésticos.A cafetina disse que chegou a levar a própria filha e outra menina, ambas com 7 anos, para se encontrar com Luciano Queiroz, mas na hora não permitiu que ele fizesse nada.Lidiane se disse ainda ameaçada de morte e contou que o advogado Silas Cabral apareceu espontaneamente para defendê-la, mas queria que ela mentisse nos depoimentos. “Ele apareceu voluntariamente, disse que tinha dó de mim e que iria me defender porque eu era pobre. Mas aí começou a pedir pra eu livrar a cara do Luciano, do Carola e do Valdivino e para incriminar o [deputado] Luciano Castro”, contou. Segundo ela, o advogado a pediu para assinar uma procuração que falava no pagamento de R$ 250 mil. “Perguntei para ele quem iria pagar aquilo e ele disse que eu não me preocupasse que tinha quem pagasse”, conta. Lidiane disse que assinou os papéis porque “estava desesperada”. “Eu tinha perdido a guarda dos meus filhos, apanhei de nove presas. Estava desesperada, assinei tudo”, completou. Silas Cabra deveria ter comparecido à CPI para também prestar depoimento hoje, mas pediu que sua convocação fosse remarcada.Por causa das revelações feitas durante o depoimento, o presidente da CPI não quer que Lidiane volte a Roraima, onde está presa. “O ministro Paulo Vanucchi tem demonstrado muito boa vontade para que ela seja incluída no programa de proteção à testemunha. Eu só receio que ela volte a Roraima. Então, nosso esforço é para que a família dela seja trazida e eles sejam encaminhados a outros pontos do país”, afirmou o senador Magno Malta.