Relação do déficit em conta corrente do Brasil com economia é moderada, avalia BC

12/08/2008 - 0h12

Kelly Oliveira
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Odéficit em transações correntes do paístem magnitude “moderada” em relação ao ProdutoInterno Bruto (PIB), soma de todos os bens e serviçosproduzidos no país, na comparação com outrospaíses com notas de classificação de risco deinvestimento semelhantes ao do Brasil.

Metade dos dez países analisados pelo BC - Áfricado Sul, Croácia, Romênia, Hungria e Índia -apresentamdéficits em conta corrente em relação ao PIB,superiores ao 1,3% registrado pelo Brasil. A conclusão é doBanco Central (BC), que divulgou hoje (12) o documento Evoluçãodos Indicadores de Sustentabilidade Externa – Atualização.

“A médiaaritmética da amostra, sem ponderação pelotamanho de cada economia, é de –2,4%, déficitsuperior ao observado para a economia brasileira atualmente. Note-seque a média, excluindo-se a Rússia, país que égrande exportador de petróleo e correlatos, alcança-3,3%”.

Aconta corrente engloba balançacomercial (exportações e importações),serviços e rendas e as transferências unilaterais. Noprimeiro semestre deste ano, o resultado negativo em transaçõescorrentes chegou a US$ 17,402 bilhões, o maior da sériehistórica, iniciada em 1947.

Noacumulado de 12 meses até junho, o déficit éUS$ 18,1 bilhões, o que equivale a 1,32% do PIB. Emtermos históricos, afirma o BC, a média do saldo emtransações correntes atingiu –1,75% do PIB, de 1947 a2007. Odocumento também informa que o déficit em contacorrente previsto para este ano será o primeiro depois decincoanos seguidos de superávits, “que constituíram fatoinédito na história econômica nacional”. Omotivo para essa mudança é principalmente o aumento dasremessas de lucros e dividendos de empresas filiais no Brasil amatrizes no exterior.

Outro fator foi a reduçãodo superávit comercial, com importaçõescrescendo em ritmo superior ao das exportações. Asviagens internacionais também contribuem para esse déficit,uma vez que o dólar mais baixo estimula a ida de brasileirosao exterior.

OBC reforça que o déficit em conta corrente seráfinanciado pelos investimentos estrangeiros diretos (IED –caracterizados pelo interesse duradouro do investidor na economia) etambém investimentos estrangeiros em carteira (renda fixa eações), além de créditos comerciais eempréstimos diretos de médio e longo prazos.

“Essesingressos líquidos têm proporcionado a manutençãodo superávit do mercado de câmbio e a continuidade dapolítica de fortalecimento das reservas internacionais dopaís”.

Odocumento também ressalta que as reservas internacionais, queestão acima de US$ 200 bilhões, são suficientespara superar em mais de três vezes o valor das amortizaçõestotais da dívida pública e privada com vencimento nospróximos 12 meses.

Segundoo BC, em 1999, as reservas internacionaischegaram a cobrir pouco mais da metade das amortizaçõesda dívida com vencimento em 12 meses e 77,5% desse serviçona média entre 1995, ano em que se inicia a série, e2002.

Emoutra perspectiva, diz o BC, as reservas internacionais seriamequilaventes ao serviço total da dívida (juros eamortizações) com vencimento nos próximos 76meses.

“Emtodas as comparações utilizando os indicadores desustentabilidade externa apontam hoje para maior solidez das contasexternas do país, na comparação com a décadaanterior”, conclui o documento. Odocumento lembra que a dívida externa total líquida apresentoutrajetória “favorável”, passando de 32,7% doProduto Interno Bruto (PIB), em 2002, para a posiçãocredora de 1,5% do PIB em junho de 2008. A dívida externalíquida é o total da dívida externa deduzida dasreservas internacionais, haveres de bancos comerciais e créditosbrasileiros no exterior. O Brasil é credor externo porque asreservas internacionais e outros ativos são maiores do que adívida externa.

Amanutenção de um nível adequado das reservas évista como uma forma de proteger o Brasil de crises externas e indicaque o país é capaz de honrar com seus compromissos, oque melhora o risco país e reduz o custo de captaçãode recursos pelo setor público e privado.