Mylena Fiori
Enviada especial
Pequim (China) - Aprimeira judoca brasileira a ganhar uma medalha olímpica individuale a ganhar uma medalha em Pequim ainda não sente o peso da vitória histórica. Ketleyn Quadros conquistoumedalha de bronze depois de passar na semifinal da repescagem e vencera australiana Maria Pekli na categoria leve feminino.“A ficha aindaestá caindo. Não tenho a dimensão disso tudo, mas tenho o gostinho queé da medalha, que eu senti ali no pódio”, disse a atleta em entrevista coletiva nesta terça-feira (10). Ketleyncontou que já havia treinado ou competido com praticamente todas asadversárias graças ao trabalho de preparação da Confederação Brasileirade Judô (CBJ), o que ajudou na conquista. “Comaquelas que eu não tinha contato, a comissão técnica correu atrás devídeos e a gente tentou adaptar da melhor forma. Sei que foi fruto deum trabalho muito forte, então eu estava confiante”, revelou.Oapoio da família e dos amigos também foi fundamental, disse Ketleyn,que mora desde 2006 em Belo Horizonte, longe das pessoas queridas. “Eusaí de Brasília mesmo só por falta de estrutura e atrás de um sonho.Ficar longe da família e não fazer tudo direitinho não fazia sentido. Asaudade me serviu como superação”, disse a judoca. Elacomeçou a treinar ainda criança em Ceilândia, no Distrito Federal. Aescolha por um esporte tipicamente masculino inicialmente assustou a mão da atleta, Rosemeire de Oliviera Lima. “Foi uma surpresa, tinha muito medo deela se machucar, achava violento, agressivo. Quando ela caia no tatameachava que estava quebrando alguma coisa. Ela medizia para ter calma e o professor dela me explicava que ela não ia semachucar, que estava ensinando ela a se defender. Eu ia assistir àsaulas e fui me acostumando com essa rotina de judô até ela chegaraqui”, relata. “Todas as mães brasileiras têm direito a esse orgulho, e elas terão”, diz confianteKetleyne a mãe devem ficar mais uns dias em Pequim. A atleta quer torcer pelosbrasileiros que ainda estão competindo e apoiar as demais meninas daequipe brasileira de judô. “Quero acompanhar as minhas parceiras,passar essa energia positiva que vai dar tudo certo. E segura ocoração”, disse.Atreinadora Rosiclea Campos também saiu de alma lavada com a medalhafeminina de bronze. Segunda ela, o judô feminino estava bastantedesacreditado e isso só começou a mudar a partir dos JogosPanamericanos, ano passado, no Rio de Janeiro, quando as judocas doBrasil conquistaram sete medalhas. “Tenho certeza de que a gente podeesperar por mais felicidades, não só do feminino, mas do masculinotambém”, afirmou otimista.Acompanhe a cobertura olímpica multimídia da equipe da Empresa Brasil de Comunicação no site China 2008.