Odebrecht pede explicações na Justiça sobre acusações de espionagem

12/08/2008 - 19h59

Sabrina Craide
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A Odebrecht apresentou hoje (12) na Justiça de São Paulo um pedido de explicações ao presidente da Energia Sustentável do Brasil (Enersus), Victor Paranhos, sobre declarações à imprensa, na qual ele acusa a empresa de ter praticado espionagem industrial. A Odebrecht quer que Paranhos confirme ou desminta as notícias. Caso as explicações sejam insuficientes, ele poderá responder pelo crime de difamação.Reportagem publicada hoje pelo jornal Valor Econômico diz que a Odebrecht encaminhou um relatório à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) contestando as mudanças de local da barragem hidrelétrica pretendida pelo consórcio vencedor. Segundo a matéria, Paranhos diz que o documento contém informações exclusivas da Enersus que teriam sido obtidas por meio de interceptação de mensagens eletrônicas ou escutas clandestinas. Dentre elas, estariam um cronograma detalhado de obras formulado pela Camargo Corrêa e a proposta de entrega de turbinas e equipamentos da empresa chinesa Dongfang à Suez.A ação movida pela Odebrecht explica que o cronograma das obras foi divulgado pela Enersus por meio de um vídeo institucional, que consta no site da empresa. Também afirma que as informações sobre a proposta comercial foram repassadas pelo representante comercial da Dongfang. O documento reproduz cópias de e-mails que comprovam que a proposta da empresa chinesa foi enviada à Odebrecht diretamente por um de seus representantes.Paranhos informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que não irá se manifestar até receber a citação formal. Em entrevista à imprensa na manhã de hoje, ele confirmou que tomou conhecimento de partes do dossiê, que continha informações confidenciais da Energia Sustentável.A Energia Sustentável do Brasil é formada pelas empresas Suez, Camargo Corrêa, Eletrosul e Chesf. O grupo venceu o leilão da Usina Hidrelétrica de Jirau, que também foi disputado pelo consórcio liderado pelas empresas Odebrecht e Furnas. A briga entre as empresas começou depois que a Enersus decidiu fazer alterações no no projeto de Jirau. A disputa pode parar na Justiça e acabar atrasando o cronograma das obras.