Lourenço Canuto
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O presidente LuizInácio Lula da Silva defendeu hoje (12), no Rio de Janeiro,que se transformem os mortos na luta pela democracia em heróise não em vítimas, “como costumam ser lembrados”. Deacordo com o presidente, se não for feito assim, “essemartírio nunca vai acabar”.O presidente afirmouque o Brasil se ressente da ausência de heróis. Eledisse que normalmente no país só é lembrado comoherói Tiradentes, “porque os mesmos que o mataram seapressaram em fazê-lo [herói], 30 anos depois". “O país nãoconstrói a memória das coisas boas que acontecem nanossa vida. Não conseguimos avaliar se a morte foi apenas umsofrimento de quem morreu e de seus parentes ou se ela deve ser umamotivação para construir outros heróis montadosnaqueles que foram sacrificados”, afirmou Lula.O presidente disse queé preciso fazer esse debate “com um pouco mais de força,sob pena de o país passar e a história nãoguardar aquelas lembranças que queremos que fiquem”. “Imaginem se a FrenteSandinista ficasse o tempo todo lamentando os que foram mortos porSomosa, ou se Fidel Castro ficasse se lamentando pelos que Batistamatou”, disse.O presidente participouda cerimônia no Parque do Flamengo, em que assinou uma mensagem ao Congresso Nacional, com um projeto de lei que propõe uma indenização à União Nacional dos Estudantes, cuja sede foi queimada durante um incêndio criminoso logo após o golpe militar em 1964, e demolida em 1980.