Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - O presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH Nacional), Álvaro Bezerra de Mello, disse hoje (12) que a nova classificação dos hotéis, que será realizada pelo Ministério do Turismo, “vai colocar a hotelaria brasileira na realidade. Vamos sofrer um pouco, mas encarar a realidade”. A observação foi feita no 50º Congresso Nacional de Hotelaria (Conotel), que se realiza no Rio de Janeiro.A reclassificação da hotelaria, no caso específico do estado do Rio de Janeiro, é uma das exigências do Comitê Olímpico Internacional (COI) para o caso da capital fluminense vir a ser escolhida como sede dos Jogos Olímpicos de 2016.
Segundo Mello, os estabelecimentos têm tempo suficiente para se adequarem às novas regras. “Temos seis anos para nos habilitar a ter as estrelas que queremos”, afirmou. Ele lembrou que, independente do número de estrelas, os hotéis terão de fazer o “dever de casa”.
O presidente da ABIH destacou que não só o Rio de Janeiro terá que se adequar aos novos parâmetros. Mas, todas as grandes cidades, como São Paulo e Belo Horizonte, também o farão, numa etapa posterior. Ele disse que o atual patamar de juros inibe investimentos por parte do setor no país e constitui empecilho, principalmente, para os hotéis de pequeno porte. “Hoje em dia, com o juro alto, no nível que está, o governo tem que dar certas facilidades. Senão, não vai ser possível.”
Para Mello, os hotéis têm que ser encarados como empresas exportadoras e, com isso, receber mais facilmente financiamentos específicos. “Temos de ser encarados como tal. Mas isso ainda é pouco para podermos ter o dinheiro que vamos precisar para as melhorias que vamos ter que fazer”, previu.
A cidade do Rio de Janeiro tem, hoje, 25 mil leitos, classificados pelo presidente da associação como “razoáveis”. Mello disse ver com bons olhos a abertura de pousadas, em Santa Tereza, no centro da cidade e registrou que a procura por estabelecimentos de uma e duas estrelas é grande.
“São pousadas, são casas de família que recebem gente. Porque a maioria do público que vem para eventos dessa natureza [tais como Olimpíadas] não tem esse dinheiro todo não”, disse.
O presidente da ABIH enfatizou que esse fator não invalida que os hotéis de cinco estrelas procurem cada vez mais aperfeiçoar os serviços oferecidos aos turistas. “O (hotel) cinco estrelas tem que ser excepcional. E de excepcional, no Brasil, praticamente não há nada. Talvez o Copacabana Palace, em termos de Rio de Janeiro”, mencionou.
Para os Jogos Olímpicos de 2016, estima-se que haja necessidade de ampliar o número de leitos da cidade para até 40 mil. “Eu acho que pode chegar lá. Segundo os norte-americanos, você tem que aumentar 7% ao ano. Porque é o tamanho que a economia vai melhorando”. O que falta, segundo avaliou o presidente da ABIH Nacional, é uma maior divulgação do Rio de Janeiro, que tem sofrido com as notícias sobre a questão da violência.
“Nós temos que nos promover. Temos que fazer uma contra-política para superar isso. Temos que começar a dizer sempre: o Rio de Janeiro continua lindo”, afirmou.