Preços altos podem atrapalhar política de formação de estoques públicos de grãos

08/08/2008 - 21h00

Danilo Macedo
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Os altospreços dos alimentos podem prejudicar a proposta do governo dealcançar os 6 milhões de toneladas de grãos nosestoques públicos em 2009. Isso porque a aquisiçãode produtos agrícolas em momento de preços elevadospode provocar um aumento ainda maior. A avaliação édo diretor de Gestão de Estoques da Companhia Nacional deAbastecimento (Conab), Rogério Colombini. “Nãopodemos sair estimulando a alta dos preços dos alimentos emnível de atacado, porque isso se reflete na conta do consumidor.Então, temos que ter uma estratégia capaz deadquirir e dar sustentação aos produtos diretamente doagricultor, e não interferir de uma forma excessiva, com riscode afetar o consumidor final”, afirmou Colombini.Odiretor explica que o objetivo do governo, ao formar estoques, é“proteger o produtor para que ele tenha um incentivo maior paraaumentar a sua produção agrícola”, mas também,e principalmente, “defender os consumidores contraaltas excessivas dos produtos agrícolas”.Hoje,os estoques públicos contam com menos de 1,5 milhão detoneladas de grãos, compostos em mais de 80% por arroz. Para opróximo ano, a proposta é ter 4,1 milhões detoneladas de milho, 1,6 milhão de arroz, 200 mil de trigo e100 mil de feijão.Colombinidiz que o governo não terá problemas para gerenciarnovos estoques: “Temos os armazéns do próprio governoe uma rede de estocadores que prestam serviços ao governoestocando esses produtos, como é o caso do arroz no Rio Grandedo Sul. Há uma capacidade estática no Brasil de estocaraté 130 milhões de toneladas de grãos”. Apesarde a produção da safra atual estar estimada em mais de143 milhões de toneladas, as épocas diferentes decolheita das várias culturas agrícolas e a rapidez deescoamento de algumas delas fazem com que sobre espaço dearmazenagem.Emrelação à projeção do governo dedobrar a produção em 10 anos, Colombini afirma que “jáestão sendo construídos novos silos graneleiros paraestocagem de grãos”. Ele disse, inclusive, que o governo játem um plano para cinco novos complexos armazenadores distribuídosem estados estratégicos, cada um com capacidade para 50 miltoneladas, para regular o preço de mercado.Amelhor forma de compor estoques, sem afetar os consumidores, segundoo diretor da Conab, é comprar aos poucos, observando a épocade colheita de cada grão e os estados que oferecem os menorespreços. Alguns produtos, inclusive, já começarãoa ser adquiridos pelo governo.“Agora,por exemplo, é uma boa época para adquirirmos o milhodo Mato Grosso, que está sendo colhido, e, possivelmente, vamoscomprar no mercado a partir do dia 20 de agosto. Outro produto que,com certeza, iremos ao mercado comprar e fazer estoques é ofeijão terceira safra, que começa a ser colhido agora,principalmente no Paraná”, afirmou.Nopassado, a política de governo brasileira era de garantir quetudo produzido pelo agricultor fosse comprado. Assim, os estoquespúblicos eram volumosos. Com a evolução domercado, optou-se pela redução dos estoques e olançamento de programas de sustentação depreços. Agora, com o aumento dos custos de produção,influenciados principalmente pelo preço do petróleo edos insumos agrícolas, volta-se a estocar em quantidades maiores.