Paula Laboissière
Enviada especial
Buenos Aires - Empresários brasileiros e argentinos vêem na integração a chance para crescer no mercado internacional. O brasileiro Ricardo Fonseca comanda uma fábrica de cimento na Argentina e tem como meta construir mais uma unidade no país vizinho até o fim do ano. Fonseca diz que a empresa vai investir no aumento dacapacidade de produção e na preservação ambiental e que aparticipação do presidente Luiz Inácio Lula daSilva no seminário Brasil-Argentina na últimasegunda-feira (5), em Buenos Aires, serviu para “estreitar” a relaçãode empresários brasileiros com argentinos.
“Estamosanalisando, vendo as previsões de crescimento de mercado. Continuamos com nossos planos deinvestimento na Argentina. O importante é conseguir manter anossa posição no mercado argentino.”
Eleafirma que os sinais de instabilidade provocados por desentendimentospolíticos e econômicos no governo de Cristina Kirchnernão geram dúvidas sobre as apostas da empresa no mercado argentino e que apenas problemas como o abastecimentode energia no país são preocupantes – não areserva de mercado.
“Aempresa continua seguindo com sua produção e com suacapacidade quase totalmente ocupada. O mercado segue bem e, porenquanto, não sentimos nenhuma queda.”
Para oempresário argentino Cristiano Ratazzi, o encontro entre Cristina Kirchner e Lula contribuir para agilizar o trânsito nas fronteiras entre os dois países, quandohá transporte de carregamentos. Ele lembra que, na Europa, “jánem se sabe” quando os produtos passam de um país para o outromas que, na América do Sul, quando um caminhão precisaultrapassar a fronteira, há muitas dificuldades.
“Hámovimentos grandes de caminhões que vêm e vão doBrasil para a Argentina em todos os setores. Temos que ter fronteirasmuito mais livres e rápidas.”
Ratazzi,entretanto, avalia que os conflitos entre produtores rurais e ogoverno argentino sobre a Resolução 125 – que elevaas taxas de exportação agrícola e que éapontada como responsável por desencadear a crise políticano país – pode ter afetado a credibilidade no mercadoargentino.
Porgerenciar uma empresa do setor automobilístico, ele lembraque, apesar da queda, as últimas semanas mostram que osargentinos voltaram a comprar carros e que a situaçãodo mercado parece ter voltado a “normalidade”.
Quandoquestionado se os empresários brasileiros devem serestimulados a investir na Argentina, ele diz que sim, porque a medidade balancear as inversões pode gerar competitividade internaem ambos os países.
“Obrasileiro tem razão de vir investir na Argentina. OBrasil, hoje em dia, faz parte dos grandes países do mundo.Por isso, para ter mais abertura de mercado, tem que abrir um poucomais o seu.”