Agentes usam técnica teatral para ensinar bons hábitos de saúde às comunidades

08/08/2008 - 6h54

Ana Luiza Zenker
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Encenar situaçõesda vida real em pequenas peças foi a forma que agentescomunitários de João Pessoa, capital da Paraíba,encontraram para ensinar bons hábitos de saúde àspessoas da comunidade onde eles vivem e trabalham. É o projetoAgente Ator Comunitário de Saúde, o segundo colocado na 3ª Mostra Nacional de Experiênciasem Saúde da Família, em uma das três categoriasavaliadas no concurso. “A gente trabalha com as temáticasda unidade [de saúde onde trabalham]: pré-natal,amamentação, gestação. A gente faz aencenação dentro dessa temática e o maisimportante é que envolve também a açãodo dia-a-dia da comunidade, uma situação da vida realque a gente traz para a encenação”, diz o agente desaúde Alecsandro Pereira de Melo. No final de2003, Ana Carla e Alecsandro Pereira de Melo, deram início à experiência no bairro deMangabeira, um dos maiores da capital paraibana. Também participam da ação médicos,enfermeiros e auxiliares das quatro equipes de saúde dafamília do bairro. Os resultadospositivos já aparecem, seja na participação da comunidade noseventos da unidade de saúde, seja no cuidado das pessoas com aprópria saúde. “Quando a gente chega na casade uma Maria ou de um João, a coisa se torna mais fácil,eles já sabem como têm de fazer”, revela Alecsandro. “Émuito gratificante esse trabalho, porque eu estou fazendo o que gosto, o pessoal também. Além desse trabalho comoagente comunitário, o pessoal está tendo o retorno dacomunidade, que é muito importante”. Aexperiência em João Pessoa é um dos 1.940trabalhos inscritos para concorrer aos prêmios da mostra e um dos quase quatro mil que estão sendoapresentados no evento, que comemora os 20 anos do Sistema Únicode Saúde (SUS) e os 15 anos da Estratégia Saúdeda Família (ESF). “Nossa idéia épropiciar a troca de experiências sobre as diversas situaçõesque essas equipes de saúde enfrentam no Brasil de acordo com arealidade em que são implantadas”, explica ToniSilveira, coordenador do evento. Entre os trabalhos apresentados,estão relatos não só de agentes comunitáriosde saúde, mas também de equipes da Saúdeda Família e estudos sobre a estratégia, desenvolvidospor secretarias, universidades e outras instituições.“A grande riqueza [da mostra] é que vocêcompartilha o olhar da academia e de quem faz a mudança dasaúde do povo brasileiro”, o que possibilita afinar o olhardos acadêmicos e o que é feito pelo Estado por meio daspolíticas públicas. Outra experiência queestá sendo apresentada é a de Maringá (PR). Emuma das unidades de Saúde da Família, foi desenvolvidoum trabalho de prevenção de gravidez na adolescência.Além de discutir os métodos anticoncepcionais e o riscodas doenças sexualmente transmissíveis, foi entregue umpintinho para cada casal de adolescentes que participou, para queeles levassem para casa e cuidassem dele por sete dias. Deacordo com o secretário de Saúde do município,Antônio Carlos Nardi, os depoimentos foram muito sinceros. Osjovens falaram do trabalho que tiveram para cuidar daquele pequenoser e para suprir suas necessidades. Alguns morreram, "outros eles deixaram morrer ecompraram outro para levar e não se sentiram envergonhadosperto do grupo, vendo o problema que é o adolescente ser pai emãe.Para Nardi, "isso foi  extremamente positivo" e permitiu reduzir a gravidez na adolescência naquelacomunidade. Naquele grupo, foi registrada uma reduçãode 30% nos casos de gravidez precoce, em um ano de trabalho. Osecretário diz que o desafio agora é levar aexperiência para outras unidades da cidade, para conseguirfazer com que o índice realmente caia em Maringá.