Amanda Mota
Repórter da Agência Brasil
Manaus - O ministroextraordinário de Assuntos Estratégicos e coordenadordo Plano Amazônia Sustentável (PAS), Mangabeira Unger,afirmou hoje (31) que sem estruturas produtivas e sociaisorganizadas, a Amazônia será um imenso vazio difícilde ser defendido."Toda a Amazôniabrasileira hoje é um caldeirão de insegurançajurídica. Ninguém sabe quem tem o quê. Para tirara Amazônia dessa situação, precisamos equipar asorganizações que fazem a regularizaçãofundiária na região, simplificar as leis sobre apropriedade da terra e organizar o que diz respeito àspropriedades da União. Se os 25 milhões de brasileirosque moram na Amazônia legal não tiverem oportunidadeseconômicas legítimas, eles passarão a atuar ematividades que devastarão a floresta e a questãoambiental passará a ser um caso de polícia",disse.O ministro conheceuhoje as atividades desenvolvidas pelo Sistema de Proteçãoda Amazônia (Sipam) e se reuniu com oficiais generais do Exército,da Marinha e da Aeronáutica que atuam na região.Mangaberia Ungerressaltou a relação existente entre a preservação,o desenvolvimento e a defesa da região, e defendeu anecessidade de assegurar aos produtores locais alternativassatisfatórias de trabalho, em conformidade com o bem-estarambiental. Na reunião comos oficiais das três Forças Armadas, no Comando Militarda Amazônia (CMA), o ministro revelou que foram debatidos omonitoramento, a mobilidade para circulação na região(terrestre, aérea e fluvial) e o potencial de combate paradefesa da Amazônia. "O monitoramentoda Amazônia não é um comércio, éuma necessidade. Não podemos ficar na dependência datecnologia estrangeira. Temos que ter nossos própriosequipamentos e satélites e integrar os diferentes sistemas demonitoramento existentes no país", disse o ministro.De acordo comMangabeira Unger, até o dia 7 de setembro, ele e o ministro daDefesa, Nelson Jobim, irão apresentar ao presidente LuizInácio Lula da Silva um conjunto de propostas relacionadas àdefesa da Amazônia. O ministro Nelson Jobimé presidente do Comitê Interministerial de Formulaçãoda Estratégia Nacional de Defesa e Mangabeira Unger é ocoordenador do comitê."Certamente, esse trabalho teráque se desdobrar em iniciativas subseqüentes. É aprimeira vez na história de nosso país que a Amazôniaocupa o foco da atenção brasileira e não estásendo vista como retaguarda e sim como vanguarda. A Amazônianão é um problema e sim uma oportunidade e um desafiopara repensarmos a nossa estratégia de defesa. Significa estarpronto para desempenhar as responsabilidades de defesa numa sériede hipóteses de emprego da força armada e, num casoextremo, se necessário, ter o potencial de conduzir uma guerrade resistência nacional", afirmou.O comandante do militarda Amazônia, general Augusto Heleno Pereira, disse que oencontro do ministro Mangabeira Unger com os oficiais generaisrepresentou uma reunião histórica. Ele disse que o Brasilprecisa "acordar" para o problema da soberania da Amazônia.O general defendeu a participação de instituiçõesde ensino e pesquisa para conscientizar que a Amazônia precisade cuidados especiais no que diz respeito à sua preservação."As possibilidadesde defesa da região amazônica devem ser trazidas parauma discussão nacional ampla e com a participaçãoda sociedade. É uma aspiração nossa que oassunto defesa seja tratado não só pelos militares, maspela sociedade brasileira. Precisamos que essa discussão saiado âmbito militar e seja tratado no âmbito acadêmicoe entre os formadores de opinião, por exemplo. Esse nãoé um problema que interessa só aos militares, mas àsociedade brasileira", destacou o general Heleno.