Agricultores se mobilizam para evitar demarcação de terras indígenas em MS

30/07/2008 - 20h37

Vinicius Konchinski
Enviado especial
Dourados (MS) - A Federaçãoda Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Famasul) estámobilizando os produtores rurais sul-mato-grossenses para tentarimpedir o início dos trabalhos de demarcação deterritórios indígenas na região sul do estado.Representantes daentidade reuniram-se ontem (29) com agricultores do municípiode Dourados (a 220 quilômetros de Campo Grande) para discutirpossíveis ações para evitar que os antropólogoscontratados pela Fundação Nacional do Índio(Funai), que estão no local, comecem a levantar locaistradicionalmente ocupados pela etnia Guarani-Kaiowá.Para a Famasul, aspesquisas, que oficialmente começam no próximo dia 10,são “absurdas” e visam a “engessar” o setor produtivodo estado. “As terras que eles [a Funai] querem transformarem reservas foram tituladas [para os agricultores] pelosgovernos federal e estadual”, disse o presidente da ComissãoTécnica de Assuntos Indígenas e Fundiários daentidade, Dácio Queiroz, em discurso durante o evento.“Temos articulado umasérie de ações para impedir o cumprimento do TAC[Termo de Ajustamento de Conduta, firmado entre Funai eProcuradoria Geral da República e que prevê ademarcação]. Também estamos fazendo umasérie de estudos para embasar nossa posição”,completou.Segundo ele, reuniõescom produtores rurais de outras cidades serão realizadas eações judiciais devem ser abertas. “Se o governofederal está nos levando ao limite da tolerância, temosque dizer isso”.Levantamento realizadopelo Conselho Regional de Economia do Mato Grosso do Sul, eapresentado ontem aos agricultores de Dourados, aponta que os 26municípios incluídos no roteiro de pesquisa dos gruposde trabalho da Funai são responsáveis por 20% doProduto Interno Bruto (PIB) do estado. Nestas cidades, tambémhá previsão de grandes investimentos do setorsucroalcooleiro.De acordo com aFamasul, dos 851 milhões de hectares de área total doBrasil, 107 milhões já são terras indígenas,ou seja, 12,6%. Enquanto isso, 214 milhões de hectares sãopastagens e lavouras, responsáveis pela geraçãode 40% do PIB nacional, nos cálculos da entidade.“Quando criamos umareserva, engessamos uma área”, afirmou o deputado estadualZé Teixeira (DEM), que também participou da reuniãoem Dourados. “Estão impedindo o crescimento do paísque é o celeiro do mundo.”