Marli Moreira
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - Na virada de maio para junho quase não houve alteração na taxa de desemprego na região metropolitana de São Paulo, que baixou de 14,1% para 13,9% da população economicamente ativa. Mas, quando comparado a igual período dos anos anteriores, a taxa é a menor para o período, desde junho de 1996. O total de desempregados atingiu l,460 milhão, com redução de 21 mil empregos. Em junho, houve o ingresso tanto de pessoas no mercado de trabalho (3,3%) quanto de ocupados (4,5%). As maiores chances de se conseguir um emprego foram constatadas na indústria com expansão de 8,5% e 135 mil vagas. Nos serviços, 130 mil trabalhadores foram contratados, 2,8% a mais do que no mês anterior. No comércio, os postos somaram 99 mil, 7,1% acima de maio último, e em outros setores, a geração de empregos permitiu que mais 26 mil pessoas deixassem a condição de desempregadas, com um acréscimo de 2,7%.Ao analisar esses resultados e o conjunto das regiões metropolitanas onde a pesquisa é realizada, o coordenador da pesquisa pela Fundação Seade, Alexandre Loloian, salientou que a grande diferença constatada neste primeiro semestre, comparada aos anos anteriores, é que, tradicionalmente, em “janeiro, fevereiro e março, a taxa de desemprego cresce e daí começa a ser reduzida, mas este ano a queda foi mantida desde janeiro”. As pessoas, conforme assinalou, passaram a ter mais esperanças de serem absorvidas no mercado e passaram a buscar um emprego. "Tem muita gente entrando para o mercado, elevando a taxa de participação. Com baixo dinamismo, às vezes, até temos taxa de desemprego menor, mas com muitos trabalhadores fora do mercado”, disse Loloian.Para ele, é “ normal” ocorrer algum tipo de ajuste na contratação de mão-de-obra, referindo-se aos acontecimentos internos da economia e externos, como a crise no mercado imobiliário americano, as oscilações nas cotações das commodities, incluindo a elevação do preço internacional do barril de petróleo, e o aumento dos índices inflacionários, que levou o Banco Central a voltar a inverter a curva da taxa básica de juros, a Selic, elevado-a para os atuais 13%.Na avaliação dele, há uma “certa contradição da política monetária”, ao elevar a taxa de juros para conter a inflação porque, de outro lado, o acesso ao crédito continua em expansão. “Há uma oferta abundante de crédito. Estamos crescendo a mais de 30% ao ano e isso tem mantido o dinamismo interno. A economia brasileira hoje depende muito menos da exportação do que seu próprio mercado interno e, mantendo o nível de ocupação, o rendimento crescendo e aumentando a massa de rendimentos e com essa oferta de crédito, não vejo, por enquanto, ameaça à continuidade desse rítmo de crescimento [do emprego]”, disse Loloian.