Amanda Mota
Repórter da Agência Brasil
Manaus - A atual situação da Santa Casa de Belém está sendoobservada pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), quepretende contribuir para a resolução definitiva dos problemasrelacionados à morte de bebês e à grande demanda do hospital. Em entrevista à Agência Brasil, a oficial deComunicação do Unicef na capital paraense, Ida Oliveira, informou que,há duas semanas, a instituição iniciou uma análise da situação para colaborar com sugestões de como solucionar os problemas.Ela revelou, com base no que jáfoi visto, que a grande incidência de mortes no hospital estádiretamente relacionada com a ineficiência do sistema de saúde pública no interiordo Pará, que não consegue manter os atendimentos básicos e, por isso, envia os pacientes para a capital. A Santa Casa é a única maternidade pública de Belém."Existem pelo menos 12 municípios críticos no que diz respeito àcarência de atendimento de grávidas e de recém-nascidos. O queverificamos de imediato é que essas mães que chegam à Santa Casa, nagrande maioria, não fizeram o pré-natal, nem tiveram o atendimentobásico necessário", explicou.Segundo a representante do Unicef, o problema se agrava em situações rotineiras de superlotação. "A carência no atendimento no interior do estado leva para a SantaCasa um número de pacientes acima do esperado. Diante disso, realmentefica difícil controlar tudo nesse hospital. Os municípios recebemrecursos do Ministério da Saúde e, por isso, já deveriam ter garantido osserviços para atenção básica, ou seja, não só o pré-natal, mas também o parto", observou. No próximo mês e em setembro,técnicos de saúde e assistentes sociais de cinco municípios -Abaetetuba, Ananindeua, Castanhal, Moju e Tailândia - vão receberatenção especial e serão capacitados nas áreas de neonatal,planejamento familiar, reanimação e transporte de pacientes.Os recursos para a capacitação são do Ministérioda Saúde. Haverá parceria das secretarias municipais de Saúde de cada um dos municípiosbeneficiados."A idéia é que, a partir da capacitação, se reforce o atendimentobásico na rede pública dessas cidades. A qualificação dos profissionaisé apenas o primeiro momento. Na seqüência, haverá a reestruturação doscomitês municipais, que vão investigar as causas das mortes, tanto dasmães, quanto dos bebês, e indicar outras possíveis soluções para essesproblemas", disse Ida.De janeiro a junho, 3,1 mil crianças nasceram na SantaCasa de Belém. No mesmo período, foram internados 1.710recém-nascidos, sendo que 253 faleceram. Desse total, 165 morreram naUnidade de Terapia Intensiva (UTI) Neonatal. Isso representa uma taxade mortalidade de 14,8% nesses seis meses.