Funai inicia demarcação de terras indígenas em Mato Grosso do Sul

29/07/2008 - 20h14

Vinicius Konchinski
Enviado especial
Dourados (MS) - Nove mesesapós firmar um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) com aProcuradoria Geral da República, a FundaçãoNacional do Índio (Funai) inicia, neste mês, ostrabalhos para a demarcação de terras indígenasno Mato Grosso do Sul (MS). Seis grupos de antropólogos chegama partir de hoje (29) ao estado para identificar quais áreaseram ou ainda são, tradicionalmente, ocupadas por índiosda etnia Guarani-Kaiowá e que, segundo estabelece aConstituição, serão reservadas a eles. SegundoClaudionor do Carmo Miranda, administrador-executivo regional daFunai Campo Grande, até 2010 os territórios devem serdemarcados e entregues aos índios.Em entrevista àAgência Brasil, Miranda disse que os antropólogos devempercorrer 26 municípios da região sul do MS, entreeles Dourados, Amambai, Maracaju e Rio Brilhante. Durante 73 dias, os profissionais farão um estudotécnico e histórico que servirá de subsídiopara relatório sobre quais 0são os locaisa serem demarcados com território exclusivo para ocupaçãodos indígenas daquela região. O documento será encaminhado posteriormente aoMinistério da Justiça."O trabalhodos antropólogos é o começo de um longoprocesso", afirmou Miranda, lembrando que a demarcaçãosegue um amplo caminho burocrático até ser concluída."Porém é o começo. Enfim, o governo federalatende a um grito da comunidade indígena da região ecumpre com um compromisso já firmado há quase um ano."De acordo com ele, relatórios do Conselho IndigenistaMissionário (Cimi) apontam que a situação dosíndios Guarani-Kaiowá está entre as maisprecárias do país. As atuais reservas ocupadas pelaetnia têm a maior concentração de habitantes porquilômetros quadrado. O "confinamento" tem causadoinúmeros problemas às tribos."Lá [nasreservas do sul do MS], encontramos desnutrição,alcoolismo, muitos índios presos, mortes de forma violenta eaté casos de suicídio", enumera o administradorregional da Funai. "O Guarani-Kaiowá que era nômadeagora vive numa área em que só cabe a sua casa. Istoacaba atingindo a auto-estima deles."Para Miranda, aforma como Mato Grosso do Sul foi colonizado acarretou essa reduçãodas áreas ocupadas pelos índios. Segundo ele,incentivados pelo governo federal, agricultores e pecuaristas aacabaram se instalando em terras indígenas e "espremendo"os antigos habitantes em áreas remanescentes.Aexpectativa dele é que a nova demarcação devolvaaos Guarani-Kaiowá seus territórios históricos ecolabore para o fim dos problemas enfrentados pela etnia.