Safra boa deve conter alta do preço do feijão nos próximos meses, avaliam supermercados

29/07/2008 - 6h16

Roberto Maltchik e Jaqueline Paiva
Repórteres da TV Brasil
Brasília - O salto da produçãode feijão na colheita de meio de ano não foi suficientepara derrubar o preço do feijão. Os preços pagosao produtor já estão significativamente mais baixos emrelação ao valor do primeiro trimestre de 2008,movimento que não reflete na prateleira dosupermercado.A expectativa do mercado, no entanto, é que os preços recuem  nos próximos meses. Segundo a Associação Brasileira de Supermercados (Abras), ospreços ao consumidor devem cair, desde que as previsões da produção agrícolase confirmem.“Nós estamos vendendo a saca com preçode cerca de R$ 150, que pode chegar ao consumidor por R$ 2,50 oquilo, mas está chegando por R$ 5”, afirma Derci Cenci,que planta feijão numa área de 600 hectares no DistritoFederal.A produçãoda chamada segunda safra de feijão cresceu 38,2% em relaçãoao mesmo período do ano passado. A colheita ficou 380 miltoneladas acima da de 2007. Mas, de acordo com Índice dePreços ao Consumidor Amplo (IPCA-15) da FundaçãoGetulio Vargas (FGV), o preço do feijão carioca, o maisconsumido no país, subiu 14,46% em junho, após trêsmeses seguidos de queda. De 16 de junho a 15 de julho, ofeijão subiu 15,45%, segundo a pesquisa. Para a Companhia Nacionalde Abastecimento (Conab), o aumento em junho foi motivado por umasérie de fatores, entre eles, o aumento do consumo.“Atribuo oconsumo mais aquecido ao ganho real do salário mínimo,aos programas sociais e à mudança de pessoas da classe E paraa classe C e D”, diz João Ruas, analista de mercado daConab.A pressão sobre os preços, de acordo comespecialistas ouvidos pela TV Brasil, também émotivada pela compra antecipada da colheita por operadores demercado, que se aproveitam do preço em alta para reforçaros lucros.Quem perde com isso sãoas donas de casa, como Glécia Carvalho. Ela mora na cidadeEstrutural, uma das regiões mais pobres do Distrito Federal, egasta por mês cerca de R$ 60 para comprar o feijãoque alimenta nove pessoas.“A gente nãofica sem feijão. E tá muito caro. Ele não parade subir. O feijão e a carne são os [alimentos]que mais prejudicam o orçamento. Já tive que deixar decomprar outras coisas para garantir o feijão”, diz.