Para Paulo Bernardo, déficit em conta corrente é conseqüência de crise norte-americana

29/07/2008 - 18h31

Nielmar de Oliveira
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, disse hoje (29) que o déficit em conta corrente de US$ 17,4 bilhões, no resultado acumulado da balança comercial brasileira no primeiro semestre, foi conseqüência da crise econômica nos Estados Unidos e não se configura, ainda, uma tendência. Na avaliação do ministro, devido à crise norte-americana, “muitas empresas mandaram dinheiro para socorrer suas matrizes, o que elevou o déficit em conta”. Ele esteve em palestra, na sede do Instituto Brasileiro dosExecutivos de Finanças (Ibef), no Rio de Janeiro.“Eu ainda não estou convencido de que seja [o déficit em conta] uma tendência irreversível. Temos que olhar esse déficit com atenção para ver se isto vai continuar”, observou, lembrando que as projeções do Banco Central apontam para um déficit em conta, no fechamento do ano, de cerca de US$ 23 bilhões.No entendimento do ministro, a crise provocada pelo setor imobiliário norte-americano já se encontra em um período em que os prejuízos já estão declarados e incorporados aos balanços das empresas e, por isso, perto de acabar na previsão dele. “O quadro, portanto, pode mudar”, disse.Paulo Bernardo destacou previsões que indicam que o volume de investimentos diretos deverá passar dos US$ 34 bilhões – o que vai se repetir pelo segundo ano consecutivo“Portanto, está havendo muito investimento, menos dinheiro para a especulação e mais para investimentos produtivos”, observou. O ministro admitiu que a atual conjuntura internacional prejudicou a entrada de recursos no país e minimizou os efeitos positivos da concessão do grau de investimento ao Brasil.“Na hora em que essa crise amainar e a conjuntura internacional melhorar, os capitais [externos] vão voltar a buscar lugares seguros para voltar a investir e o Brasil está muito seguro nesta rota”, estimou.Com a entrada de mais recursos externos, na avaliação do ministro, o câmbio poderá ficar ainda mais desvalorizado. “Você não pode fazer omelete sem quebrar ovos. Nós passamos a vida inteira achando que era bom ter investimentos produtivos e não especulativos. Nós precisamos de investimentos em infra-estrutura, precisamos aumentar também o volume de recursos no setor produtivo. Então, se nós tivermos habilidade para atrair mais capitais para que isto ocorra, nós temos é que trabalhar para que isto aconteça. Não podemos ficar supondo que o dólar vá subir ainda mais”, afirmou.