Luana Lourenço
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O Brasilprecisa de cidades acessíveis, de escolas inclusivas e de mais informaçãosobre direitos para pessoas com deficiência. Os desafios foramlistados na durante abertura da Segunda Reunião doComitê para Eliminação de Todas as Formas deDiscriminação contra as Pessoas com Deficiênciada Organização dos Estados Americanos (OEA).No encontro, que começou ontem (28) e vai até sexta-feira (1º), representantes de 34 países das Américasse reúnem paraavaliar e monitorar as políticas de combate ao preconceitocontra pessoas com deficiência e a implementaçãoda chamada Convenção da Guatemala.
Para o presidente do Conselho Nacional dosDireitos da Pessoa Portadora de Deficiência, Alexandre Baroni,nos últimos anos o Brasil “avançou a passos largos”no respeito às pessoas com deficiência, mas a falta deinformação ainda é um entrave para o acesso aosdireitos.
“É preciso uma ação muito grande deinformação, porque muitas pessoas com deficiência,e suas famílias, ainda não conhecem os seus direitos e,por conseqüência, [têm esses direitos] violados, nãoporque querem, mas porque os desconhecem”.
SegundoBaroni, é preciso incluir a questão da pessoa comdeficiência na agenda política dos governos comgarantia de investimentos. “Porque muitas vezes a políticasem o recurso não vale”.
Osecretário especial de Direitos Humanos em exercício,Rogério Sottili, citou os avanços do país nesse segmento, como arecente ratificação da Convenção daOrganização das Nações Unidas sobre osDireitos das Pessoas com Deficiência, mas reconheceu que o Brasilainda deve muito a esses cidadãos.
“Devemoscidades acessíveis, escolas inclusivas, que sejam acessíveis,hospitais acessíveis e, acima de tudo, o respeito que as pessoascom deficiência merecem. Muito já foi feito, mas ademanda reprimida é de séculos, é um paísinjusto. As pessoas com deficiência sempre foram vistas como umproblema para a sociedade, para o desenvolvimento do país eisso se desmonta com muita luta da sociedade civil e determinaçãodos governos”.
Vítimade paralisia infantil aos três anos, a analista de gestãoFlávia Vital, que participa do encontro da OEA comorepresentante da sociedade civil, lembrou que mesmo em áreasem que o país já avançou na legislação,como a inclusão de pessoas com deficiência no mercado detrabalho, é necessário aperfeiçoamento.
“Hojeem dia, com a Lei de Cotas, as pessoas com deficiênciadificilmente fazem parte do plano de carreira da empresa. Contratam apessoa com deficiência para cumprir a legislaçãoe colocam ela no subemprego. Argumentam que não [há]pessoas qualificadas, mas no nosso país a falta de capacitaçãonão é uma característica da pessoa comdeficiência, é só olhar os dados do Ministérioda Educação”.
Representantedo Movimento de Vida Independente, Flávia relatou que namaioria das empresas a necessidade de modificações deinfra-estrutura ou compra de materiais para garantir acessibilidade apessoas com deficiência são vistas como custos e nãocomo investimentos.
Ao finaldo encontro, especialistas vão indicar quais foram os avançose as próximas ações a serem desenvolvidas nocombate ao preconceito contra as pessoas com deficiência emcada um dos países signatários da Convenção.