Elaine Patricia Cruz
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - O dono do Banco Opportunity, Daniel Dantas, manteve-se calado durante o interrogatório de cerca de três horas conduzido na tarde de hoje (16) pelo delegado da Polícia Federal (PF) Protógenes Queiroz. A informação foi confirmada pelo advogado do banqueiro, Nélio Machado, que conversou com a imprensa assim que o depoimento terminou. Dantas, que deixou a sede da Polícia Federal por volta das 18h30, não falou com os jornalistas."As perguntas relacionadas a Humberto Braz (um dos presos na Operação Satiagraha, suspeito de ter tentado subornar um delegado federal para tirar o nome de Dantas das investigações) foram consideradas prejudicadas. Já outras indagações serão objeto de uma nova convocação", disse Machado.De acordo com o advogado do banqueiro, o depoimento foi considerado prejudicado pelo fato de o procurador Rodrigo de Grandis ter optado por uma denúncia formal. A denúncia foi aceita pelo juiz Fausto de Sanctis, que torna Dantas, Hugo Chicaroni e Humberto Braz réus, acusados pela tentativa de suborno ao delegado federal.Machado também reclamou de não ter tido acesso ao material que a polícia diz ter apreendido durante a operação.Um novo depoimento de Dantas à PF deverá ser realizado nesta sexta-feira (18). Segundo o advogado, o banqueiro deve voltar a permanecer calado e só falará se for questionado sobre questões gerenciais relacionadas ao Opportunity.O advogado disse que entrou hoje, na 6ª Vara Criminal de São Paulo com uma "impugnação formal" à atuação do juiz Fausto de Sanctis, que havia determinado as prisões temporária e preventiva de Dantas. "Alegamos que ele está comprometido do ponto de vista da isenção com o caso por causa das entrevistas que deu, pela declarações que formulou, pelo pré-julgamento que ele já fez", disse. Segundo Machado, o próprio juiz vai analisar esse pedido de impugnação. "Ele tem que processar a suspensão. Ou ele reconhecendo, ou submetendo-a ao tribunal", explicou.