Luana Lourenço
Enviada especial
Campinas (SP) - A roda vai ficar nopassado com a chegada da levitação magnéticapara veículos. A aposta do professor Richard Stephan, daCoordenação de Programas de Pós-Graduaçãode Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppe/UFRJ)tem um motivo: ele é o coordenador do projeto do primeiro tremdesse tipo desenvolvido no Brasil, o Maglev-Cobra.A idéiaé substituir trilhos convencionais por “trilhos de ímãs”para transporte urbano de passageiros, a uma velocidade médiade 70 quilômetros por hora, semelhante à dos metrôs.“É umalevitação que é possível obter usando ímãs e supercondutores, efeito conhecido como diamagnetismo.Dentro dessa possibilidade se evita a necessidade de rodas e trilhos;é mais parecido com um avião do que com metrô”,detalhou hoje (16) o professor em apresentação doprojeto durante a 60° Reunião Anual da SociedadeBrasileira para o Progresso da Ciência (SBPC).Oveículo, segundo Stephan, tem vantagens comparativas deimplantação, custos operacionais e gasto energéticoem relação a um sistema convencional de metrôsobre trilhos. "Uma das vantagens é que as obras deconstrução civil vão ser mais baratas. As obrasde construção civil representam o maior custo naimplantação de qualquer transporte urbano. Estimamosque o custo pode ser reduzido a um terço do valor de um metrôsubterrâneo”, compara.“Além disso,enquanto a relação de quanto de energia énecessário para movimentar um passageiro por um quilômetroé de 2,8 mil quilojoules [unidade de energia] para umcarro e até 4,2 mil para um avião, é de 25 noMaglev”, lista.O trem serácomposto de módulos de um metro de cumprimento – comcapacidade para oito passageiros cada –, que, articulados, dãoao veículo formato semelhante ao de uma cobra. A estruturatambém permite que o veículo faça curvas de 30metros de raio, enquanto os trens convencionais precisam de pelomenos 150 metros, o que demanda mais custo e espaço disponívelpara implantação.O Maglev-Cobra deveganhar uma linha de testes de 114 metros dentro do campus da UFRJ. Aconstrução do projeto depende do financiamento de cercade R$5 milhões, que o pesquisador pediu ao Banco Nacional deDesenvolvimento Econômico e Social (BNDES). “Esse valor équatro mil vezes menos que o Brasil gasta por ano com acidentesrodoviários”, compara. A liberação dosrecursos deve ser definida até a próxima semana.Até 2010, a metaé instalar uma linha de três quilômetros detrilhos de imã para o Maglev-Cobra dentro da CidadeUniversitária da UFRJ, entre o hospital e reitoria. A linhaserviria de início para o ambicioso projeto de ligar oAeroporto do Galeão à Praça da Cinelândiano centro do Rio de Janeiro. “Como o veículo ésilencioso, vai poder ser colocado em vias elevadas, ou margeandorios, canais, em canteiros centrais e isso vai baratear a obra”,calcula.“Além detransportar pessoas, a idéia é impulsionar tecnologias.O paradigma de transporte público no Brasil ainda é ometrô. Estamos propondo um modelo para o século 21",argumentou.