Senadores da base elogiam e da oposição criticam declarações de Lula sobre delegado

16/07/2008 - 20h05

Marcos Chagas
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A defesa do presidenteLuiz Inácio Lula da Silva para que o delegado da PolíciaFederal Protógenes Queiroz permaneça à frente daOperação Satiagraha, para que não hajainsinuação de que ele deixou o comando da operaçãopor ter sido pressionado, repercutiu no Senado. Para senadores da basealiada, Lula agiu preventivamente para evitar qualquer rumor deingerência política na investigação. Jáos senadores da oposição consideraram que asdeclarações não passam de jogo de cena.O líder do DEM,senador Agripino Maia (RN), questionou por que o presidente Lula, nareunião de ontem (15) com os ministros da Justiça,Tarso Genro, e da Defesa, Nelson Jobim, e o presidente do SupremoTribunal Federal (STF), ministro Gilmar Mendes, não referendoua posição de manter o delegado da PolíciaFederal no comando das investigações.“Essa atitude dopresidente é um absoluto jogo de cena, que o futuro vaimostrar”, afirmou o líder.O presidente do PSDB,Sérgio Guerra (PE), disse que a declaração dopresidente "só produz instabilidade" na conduçãodas investigações. "É hora depassar responsabilidade a respeito das leis”, afirmou Guerra,acrescentando que cabe à Polícia Federal agir com"força e determinação" nasinvestigações, mas ao mesmo tempo dentro da lei. Durante toda a semana osenador Sérgio Guerra fez declarações de que aPF agiu de forma "espetaculosa" ao algemar os presos naOperação Satiagraha e permitir a filmagem da açãopolicial.O líder doPCdoB, Inácio Arruda (CE), afirmou que o presidente Lula deuum recado claro ao próprio governo e à sociedade de quenão pode pairar suspeição sobre a decisãode se investigar até o fim os negócios do banqueiroDaniel Dantas e do investidor Naji Nahas. "Não podeuma reunião com o ministro da Justiça, o presidente daRepública e o presidente do Supremo Tribunal Federal deixartransparecer à população que os três sereuniram para decidir retirar fulano ou cicrano, o que seria algoabsurdo", defendeu o senador.A líder do PT,Ideli Salvatti (SC), não comentou diretamente as declaraçõesdo presidente. Para ela, o importante em todo o processo “éque se desmonte uma organização criminosa que atuadesde a época do confisco da poupança [PlanoCollor]".