Lula defende que delegado Protógenes fique no inquérito da Operação Satiagraha

16/07/2008 - 17h36

Carolina Pimentel
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu hoje (16) que o delegado da Polícia Federal Protógenes Queiroz permaneça à frente da Operação Satiagraha, para que não haja insinuação de que ele deixou o comando da operação por ter sido pressionado. "Moralmente, esse cidadão [o delegado] tem que ficar no cargo até terminar o relatório. A não ser que ele não queira. O que não pode é passar insinuações", disse o presidente.O delegado Protógenes Queiroz afastou-se da Operação Satiagraha, ontem (15), segundo a assessoria da Polícia Federal, para fazer um curso, a pedido do próprio delegado. No entanto, a imprensa divulgou informações de que o delegado deixou as investigações por pressão da cúpula da PF. Lula desmentiu essa versão e disse que houve “insinuação” sobre o motivo da saída dodelegado.“Quem contou essa mentira, de que ele foi pressionado,eu espero que amanhã ou depois de amanhã desminta. Eu sou talvez omais fervoroso defensor da atuação da Polícia Federal, porque ela é umagarantia para o combate à malversação, à corrupção, ao narcotráfico, aocrime organizado no País. Por isso eles são bem remunerados e no nossogoverno melhoramos muito a situação da Polícia Federal”, disse opresidente aos jornalistas, após sancionar o projeto que cria um pisosalarial nacional para professores da educação básica, no Palácio doPlanalto.Lula defendeu ainda que o delegado continue à frentedas investigações. Segundo ele, se o delegado não quiser continuar nocargo deve se pronunciar publicamente para não “vender insinuação” deque foi obrigado a se afastar. Protógenes deixou o comando ontem (15).Conforme justificativa apresentada pela assessoria da Polícia Federal,o próprio delegado pediu para deixar o caso para fazer um curso em Brasília. Masmatérias publicadas pela imprensa trazem a versão de que o delegadosaiu do caso pressionado pela direção da PF.O presidente afirmou que já pediu ao ministro daJustiça, Tarso Genro, que entre em contato com a PF, para que o delegadovolte ao caso.“A Polícia Federal deve estar divulgando uma nota deuma reunião que ele [Protógenes Queiroz] participou, uma reunião quefoi gravada com o consenso de todo mundo, em que ele pede para sair. Edepois vender a idéia de que ele foi afastado. É, no mínimo, uma atuaçãode má-fé. Eu não sei se ele falou ou não. Eu li na imprensa que tinhaacontecido isso. Então, moralmente, ele tem que ficar nesse processo atéterminar o relatório, a não ser que ele diga publicamente, que de livree espontânea vontade, que ele não quer [ficar no comando da operação]”, disse Lula.“Esse cidadão não pode, depois de fazer umainvestigação de quase quatro anos e depois de apurar, depois de fazertodas as coisas que foram feitas no processo, na hora de finalizar orelatório esse cidadão dizer: 'eu vou embora fazer o meu curso e [vou]deixar [o comando da operação] para outro' e ainda dar vazão para insinuação de que ele foitirado”, disse o presidente Lula.De acordo com o presidente, não se pode venderinsinuações para a sociedade. “O que ele disse é que só poderiaterminar no fim de semana [o relatório sobre a operação]. Isso é umprocesso sério. Envolveu gente, as pessoas foram para a televisão. Épreciso que a pessoa tenha logo o relatório definido para que se peçaou não o indiciamento dessas pessoas. A única coisa que nós queremosnesse caso é responsabilidade. Não pode fazer um trabalho, como o que ele fezdurante quatro anos e na hora que tem que entregar o relatório,simplesmente fala que vai embora. Tem que ficar no caso”, justificou o presidente Lula.Protógenes foi alvo de críticas de que teria cometidoexageros na operação, como permitir uma emissora de televisãoacompanhar a ação policial. O ex-prefeito de São Paulo Celso Pitta, porexemplo, foi filmado sendo preso de pijamas em casa.