Luciana Lima
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR), autor do requerimento que aprovou a convocação deDaniel Dantas, defendeu hoje (16)que as investigações da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Escutas Telefônicas da Câmara não devem se restringir às investigações relativasàs escutas, que teriam sido contratadas por Dantas à empresa Kroll. De acordo com o deputado, a partir do depoimento deDantas, crimes correlatos podem ser identificados e devem ser alvo daCPI. “Por que uma pessoa faz escutas? É para acobertar algumairregularidade? Então, é natural que se amplie esse questionamento. Oque não vamos aceitar é o engessamento e censura com relação ao quepoderá ser perguntado a Daniel Dantas”, considerou Fruet, após a reuniãoque aprovou a convocação. Dantas, no entanto, só será ouvido em agosto, depois do recesso parlamentar, que começa nesta sexta-feira (18).“A partir das investigações das escutas podem surgirindícios de abuso de autoridade, tráfico de influência, corrupção emuito mais. Isso não pode ficar sem ser apurado e já há decisão doSupremo Tribunal Federal, que garante a ampliação do objeto das CPIs”,defendeu Fruet.A ampliação do foco da CPI virou uma queda de braçoente o governo e oposição. O relator da CPI, Nelson Pellegrino (PT-BA)insiste em finalizar os trabalhos com o objetivo restrito às escutastelefônicas. “Queremos saber se a empresa Kroll usou de expedientesilegais no processo de disputa pelo controle acionário da BrasilTelecom. O foco são as escutas ilegais, como elas ocorrem, se estãodentro dos procedimentos da lei. Foi assim que nós conduzimos até agorae será assim até a conclusão da CPI”, disse Pellegrino.Além do depoimento de Dantas, a CPI aprovou aconvocação do juiz Fausto De Sanctis, da 6ª Vara Federal Criminal deSão Paulo, que decretou a prisão do banqueiro e dos demais acusados decrimes financeiros investigados pela Operação Satiagraha, da PolíciaFederal. Também prestará depoimento o delegado da PF ProtógenesQueiroz, que conduziu as investigações sobre o caso até ontem (15),quando pediu afastamento do inquérito, segundo fontes oficiais. A CPI vai ouvir ainda o delegado da PF RomeroMenezes, responsável pela Operação Chacal, que realizou diligências nosescritórios da Kroll.Durante a sessão de hoje da CPI, o deputado GustavoFruet apresentou outro requerimento, para a convocação de um dos cincodiretores da empresa Kroll. O deputado explicou que muitas dúvidasrestaram a ser esclarecidas, a partir do depoimento do presidente daempresa americana no Brasil, Eduardo Gomide. Gomide prestouesclarecimentos à CPI, na terça-feira passada (8), no mesmo dia em queDantas foi preso.Além das convocações também foi aprovado o pedidopara que a Polícia Federal envie à CPI os documentos apreendidos nosescritórios da Kroll durante a Operação Chacal. A CPI também vairequisitar à empresa, os relatórios produzidos em relação à BrasilTelecom.Já os requerimentos que pediam a convocação doex-ministro Gushiken, do ex-deputado Luiz Eduardo Greenhalgh e do investidor Naji Nahas não chegaram a ser votados hoje. O deputadoGustavo Fruet, autor dos requerimentos, não descartou a possibilidadede reapresentar os pedidos no segundo semestre.Quanto a Greenhalgh e Gushiken, o relator da CPI,deputado Nelson Pellegrino (PT-BA), disse que não vê a necessidadede ouví-los. “Os motivos apresentados até agora não me dão a certeza danecessidade de convocação de ambos”, destacou o relator, após a reunião.Na reunião de hoje, alguns deputados ofereceramresistência à convocação do delegado Protógenes Queirós. Um deles foi ovice-líder do governo, deputado Carlos William (PMDB-MG), que tentou prolongar adiscussão do requerimento apresentado pelo presidente da CPI, deputadoMarcelo Itagiba (PMDB-RJ). Outro deputado, Wilson Santiago (PMDB-PB), chegou asugerir que o delegado que conduziu as investigações contra DanielDantas fosse convocado na condição de investigado, alegando que asescutas telefônicas autorizadas pela Justiça duraram cerca de doisanos. A proposta do deputado, que esse considerou esse tempo de escuta muito longo, não foi aceita pelo plenário da CPI.A CPI também aprovou um requerimento - que nada tem a ver com o caso Kroll/Dantas - para aconvocação da juiza da Vara Federal de Ribeirão Preto, interior de SãoPaulo, que teria autorizado a interceptação telefônica do delegado daPolícia Federal Wilson Alfredo Perpétuo. As suspeitas, de acordo com osdeputados da CPI, são de que as escutas teriam ocorrido durante doisanos e três meses. O delegado é suspeito de ter cometido crime de tráfico de influência.