Moradores do Morro da Providência divergem sobre saída do Exército

19/06/2008 - 17h37

Isabela Vieira
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Os moradores da  favela do Morroda Providência, centro do Rio, que têm as casasreformadas pelo projeto Cimento Social, divergem sobre apresença militar na área. Muitos, agora, estão contra oExército por conta da morte de três jovens que foram entregues a traficantes de uma facção inimiga no últimofinal de semana. Outros dizem que o importante é ter asobras, com ou sem as tropas.O projeto prevê com a revitalização de fachadas e telhados de 780 casas. As obras são executadas, desde dezembro,  pelo Batalhão Escola de Engenharia do Exército e a Comissão Regional de Obras da 1a Região Militar, com recursos de R$ 12 milhões, do Ministério das Cidades.Um dos moradores que é favorável à presença dos militares é obiscate Célio Francisco Leandro, de 59 anos. Ele mora vive com afamília, de cinco pessoas, em uma pequena casa beneficiada pelo projeto Cimento Social. "Aqui já pintaram, fizeram a parede detijolo. Muita coisa. Só falta a fiaçãoelétrica", relatou. Para Leandro, nãoimporta quem vai chefiar as obras na comunidade. Ele aceita, inclusive, que a ForçaNacional assuma a função do Exército. "Somos mesmo é afavor das obras. Com ou sem as tropas", disse. A Associaçãode Moradores do Morro da Providência pediu a saída das tropas depois da morte dos rapazes.  Funcionário do projeto, Manuel Soares, que não mora no Moro da Providência, é favorável à continuidade das obras porque, antes do trabalho na favela, estava há seis anos sem carteira assinada. O pedreiro vivia de bicos."A carteiraassassinada, mesmo que ganhe menos, é uma vantagem para mim.Ao final, tenho minha aposentadoria", avaliou Soares. "Sendoa obra para população, com Exército ou semExército é uma boa".Já a moradoraZilá Pererira dos Santos, de 61 anos, que também tem acasa em reforma pelo projeto, defende a saída do Exército para "atranqüilidade do morro". "Eles pintaram ebordaram por aqui, não dá", opinou. Para a moradora, aassociação de moradores deveria gerir o projeto até que todos os vizinhos tivessem suas casas reformadas.Hoje (19), apósreunião com o comando do Exército no Rio, a Associaçãode Moradores do Morro da Providência, que coordena o trabalho dos funcionários contratados pelo Cimento Social, informou que deve concluir, em 45 dias, 85 das 600 casasprevistas para serem beneficiadas pelo projeto. Pela decisão, o restante da obra,estimada para durar um ano e meio, só seráretomada com a saída das tropas da comunidade.