Da Agência Brasil
Brasília - O chefe de gabinete do governo da Argentina, Alberto Fernández, garantiu hoje (19) que o projeto de lei dos impostos sobre as exportações de grãos e a redistribuição social, encaminhada pelo Executivo ao Congresso, deve ser debatida por toda a sociedade, e não apenas pelos ruralistas, informa a agência Telam.Ele acrescentou que o governo está confiante que se o debate for franco a maioria dos deputados terá que acompanhar [o projeto do Executivo]”. No entanto, Fernández deixou claro que o governo não está influenciando nenhum deputado.O chefe de gabinete também se mostrou disposto a retomar o diálogo com as quatro entidades do setor agropecuário que comandam os protestos na Argentina. Contudo, ele deixou claro que isso só pode ser feito em um contexto em que “não haja bloqueios, ameaças, perseguições e nem gestos grandiloqüentes”. Os bloqueios de estradas em diversos pontos do país trazem problemas e preocupação para diversos setores da economia argentina. As manifestações são comandadas pelos produtores rurais, que estão insatisfeitos com o aumento deimpostos para exportação, e por transportadores, que reivindicam aresolução do conflito com os ruralistas.O ministro de Energia, Daniel Cameron, afirmou hoje que pelo menos duas refinarias “estão a ponto de lotar os seus depósitos, motivo para que em dois ou três dias a produção deve ser paralisada por falta de capacidade de armazenamento”. Enquanto isso, ele diz, “temos lugares do país com problemas de abastecimento de combustíveis por causa do conflito”. A falta de combustíveis já atinge as principais cidades do interior e a Grande Buenos Aires.A Associação de Proprietários de Açougues da Capital Federal diz que a situação está muito complicada. Segundo a entidade, a maioria dos açougues não recebeu sequer um grama de carne esta semana. A previsão da associação é de que os preços subam por causa da escassez.A preocupação também atinge os produtores de vinhos, que não conseguem receber alguns insumos, como caixas e etiquetas, e nem enviar a mercadoria produzida, tanto para o mercado interno quanto para o externo.Para a Associação de Supermercados Unidos, a situação já é desesperadora nos principais centros de comercialização. De acordo com ela, os bloqueios afetam todos os produtos, como carnes, lácteos, frutas e refrigerados, apesar de os ruralistas terem dito que só impedem a passagem de grãos. Ainda assim, a entidade garante que os preços não deve ser reajustados por causa da queda dos estoques.