Governo pode reestatizar parte do setor de fertilizantes, diz Stephanes

13/06/2008 - 6h09

Danilo Macedo
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Ovalor dos fertilizantes, ao lado do aumento da demanda, éconsiderado o item de maior peso dentro do aumento dos preçosdos alimentos, que vem pressionando a inflação. Oministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, disse que osfertilizantes representam, atualmente, quase 40% do custo deprodução, e, como se tornaram um item de preocupação,o governo pode intervir no setor."Emprincípio, nós queremos que nossas minas sejamexploradas. Mas, se for necessário, evidentemente a Petrobrasterá que entrar nisso. Se for o caso, nós vamos agirtambém, ou até reestatizar alguns setores que sãonecessários", afirmou Stephanes.Oministro disse que o governo já tem o "diagnóstico"da situação. Sabe que apenas 40 países produzemfósforo, e outros 12, o potássio, os dois elementosque, junto com os nitrogenados, são os principais componentes do adubo. Stephanes acredita que no caso do potássio, por exemplo, podehaver problemas maiores no futuro, até de desabastecimento."Diriaque é um item estratégico para o Brasil, já queo país é altamente dependente da importaçãode fertilizantes. Já sabemos que no caso do fósforotemos minas para nos tornarmos auto-suficientes no prazo de 5 a 10anos, em nitrogenados também temos essas condições,e no caso do potássio temos também uma grande mina queprecisa de uma análise mais técnica e ambiental porqueela fica situada no Amazonas", afirmou.OBrasil importa, atualmente, cerca de 70% dos fertilizantes queutiliza. Além disso, mais de 75% do mercado nacional defertilizantes é controlado por apenas três empresas, oque é apontado por alguns técnicos da áreaagrícola como um oligopólio que prejudica osprodutores. O ministro da Agricultura diz que, apesar da complexidadedo mercado, o governo já estuda algumas soluçõespara o problema."Mexernessa estrutura não é fácil, mas, de qualquerforma, o Brasil tem todo esse estudo, esse levantamento, e temalgumas idéias de como melhorar a competitividade e a nossacapacidade de produção e de distribuição,e evitar essa volatilidade de preço que existe, ou atéesse controle sobre os preços", disse.Stephanesexplicou como seria uma possível estatização dosetor. "Quando a gente fala de estatizar, não significaaquela idéia antiga de estatismo, mas sim que a Petrobras,como grande empresa produtora, poderá se associar aalgumas empresas privadas [brasileiras], ou mesmo a cooperativas, nosentido de atuar em determinados setores."SegundoStephanes, a Petrobras tem papel fundamental no contexto dealta nos preços dos fertilizantes, podendo, inclusive, atuarna exploração das jazidas de fósforo e, mesmosem se associar a outras empresas, "influir" na exploraçãode potássio no Amazonas. Atualmente, a estatal brasileiraatua na extração de gás natural, matéria-primados fertilizantes simples nitrogenados.