Ana Luiza Zenker
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Sem uma injeção de novos recursos orçamentários, as mudanças de gestão não vão resolver os problemas enfrentados pelos hospitais universitários e de ensino, seja por falta de pessoal ou de verba para comprar material, afirma o presidente da Associação Brasileira dos Hospitais Universitários e de Ensino (Abrahue), Alair Benedito de Almeida.“Se não houver injeção de recursos novos, o que melhorará o orçamento dessas instituições, nós cairemos na falácia do discurso da melhoria de gestão”, afirmou Almeida, em entrevista à Agência Brasil.Mudanças na gestão e no financiamento dos hospitais de ensino são focos do Programa de Reestruturação dos Hospitais Universitários, implantado pelo governo federal em 2004. Almeida reconhece a importância dos esforços do governo, mas ressalta que o aumento de recursos conseguido na época não foi suficiente para fazer frente ao crescimento nos gastos.“O Programa de Reestruturação dos Hospitais Universitários agregou orçamento, principalmente na área de média complexidade, que ficou pré-fixada, mas essa melhora foi rapidamente engolida pelo aumento do custo operacional da saúde e pelo aumento das demandas”, afirmou o diretor. De acordo com ele, a inflação da saúde chega algumas vezes a ser o dobro da inflação geral.Outro problema enfrentado por essas unidades de ensino, além do financiamento, relaciona-se ao quadro de pessoal. Segundo Almeida, há dificuldade de contratatar profissionais, não só por causa dos trâmites burocráticos característicos da gestão pública, mas em especial pelos baixos salários oferecidos. Isso faz com que a maior parte das pessoas contratadas, mesmo por concurso público, não fiquem no emprego.Ainda assim, Alair Almeida diz que as folhas estão inchadas. “Isso vai impor a necessidade de redução de atividades”, ressaltou, citando os exemplos dos hospitais ligados às universidades federais do Maranhão, da Paraíba e do Rio de Janeiro.Almeida cita como exemplo o Hospital das Clínicas de Uberlândia (MG), que ele dirige: “Se nos próximos meses não forem tomadas atitudes para reposição de pessoal, seja contratação de pessoal equivalente, nos moldes de professor equivalente pelo Ministério da Educação, logo nós estaremos vivendo uma situação catastrófica, porque já estamos com 47% da nossa folha comprometida com custeio de pessoal”.Para o diretor, mesmo a adoção das fundações estatais para gestão dos hospitais universitários poderia ser bem-vinda. “Qualquer coisa que possa agregar orçamento, recurso novo, será bem-vindp. Sem recurso novo, se nós ficarmos em discursos falaciosos, que temos apenas que melhorar as gestões dentro dos hospitais, não chegaremos a lugar nenhum”, disse.Ele tamém disse reconhecer os esforços feitos por setor do governo para melhorar a situação. “Nós temos reconhecido os esforços dos técnicos do Ministério da Educação, do Ministério da Saúde. Também entendo que a aprovação da Emenda Constitucional 29 pode vir a ser uma diretriz para a gente trabalhar a expansão de recursos para o setor dos hospitais de ensino”.Também na busca por soluções para o setor, Almeida informou que está sendo trabalhada a criação da Frente Parlamentar dos Hospitais de Ensino do Brasil, na Câmara dos Deputados.