Jorge Wamburg
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O aumento de meio ponto percentual na taxa de juros (Selic), para 12,25%, decidido hoje (4) pelo Comitê de Política Monetária (Copom) não surpreendeu o presidente da Comissão Nacional de Crédito da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), Carlos Sperotto. Para ele, a medida é “uma adequação que responde às altas que estão ocorrendo - inclusive o próprio dólar deverá sofrer um aumento agora”.“A preocupação do governo é evitar a retomada de um processo inflacionário e esse aumento deverá ser tranqüilamente absorvido pelo mercado", afirmou Sperotto.Depois de afirmar que o Brasil inteiro já estava informado de que haveria uma elevação da taxa Selic, o dirigente da CNA ressaltou que "este aumento de meio ponto percentual, logicamente, pesa e vai incidir sobre outros fatores. Mas, no que diz respeito ao nosso setor, a taxa Selic tem se comportado de um modo que traduz uma realidade de mercado, pois temos contratos agrícolas cujas taxas de juros são superiores à Selic." Por isso, ele considera inevitável a "readequação" decidida pelo Copom.Sperotto acredita que a taxa Selic poderia ter caído mais do que os 11,75% em que estava fixada antes da reunião de hoje do Copom. "Só não caiu mais porque nós temos contratos rurais com taxa superior à Selic e o produtor está amargando taxas de 12% ou 13%". Por isso, ele acredita que uma queda da Selic abaixo do nível em que estava criaria "uma situação de desconforto na economia".Ele considera ainda que o país não pode deixar de acompanhar os juros internacionais e nesse patamar (12,25%) "é um bom teto para se poder trabalhar. Mas se entra numa curva crescente para evitar a inflação pode trazer uma desorganização na economia, que está andando bem".Sobre a alta mundial nos preços dos alimentos, Sperotto justifica que "os preços dos alimentos, que estavam aviltados, estão voltando a uma realidade e o comércio internacional está sinalizando perspectivas de manutenção dessa situação”.“O que nos preocupa imensamente é o custo de produção. O custo de produção indiscriminado, independentemente de variações e queda do dólar, sofreu um crescimento injustificado no que diz respeito às matérias-primas, por ser o Brasil importador por excelência de fertilizantes e defensivos", disse ele.O que causa uma grande preocupação para a agricultura brasileira - afirma Carlos Sperotto - são as futuras safras, devido ao aumento dos custos de produção, o que pode criar um aumento no preço final e "como nós não temos como repassar esse processo, o problema terá que ser administrado".