Brasil não tem depósitos adequados para lixo radioativo, revela IBGE

04/06/2008 - 16h36

Isabela Vieira
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - O Brasil está prestes a iniciar a construção de sua terceira usinanuclear - anunciada para este ano pela ministra-chefe da Casa Civil,Dilma Rousseff -, mas ainda não tem depósitosespecíficos para armazenar seu lixo radioativo. É o querevela o estudo Indicadores de Desenvolvimento Sustentável,divulgado hoje (4) pelo Instituto Brasileiro de Geografia eEstatística (IBGE). A publicaçãomostra que o único depósito adequado no paísguarda, exclusivamente, rejeitos do acidente com Césio-137,que ocorreu em Goiânia, em 1987. O depósito fica emAbadia de Goiás (GO).O lixo radioativoproduzido pelas usinas nucleares Angra 1 e Angra 2, cerca 2,08 milmetros cúbicos classificados como de alto nívelradioativo, e os 13,7 mil metros cúbicos produzidos pelasindustrias, hospitais e outras fontes, ficam armazenados de formatemporária em centros vinculados à ComissãoNacional de Energia Nuclear (Cnem). Os depósitos sãoconsiderados seguros e ficam no Rio de Janeiro, em São Paulo eem Minas Gerais.A falta de depósitosadequados é apontada pelo estudo com um constrangimento ao usoda energia nuclear no país. “É como se as pessoasguardassem lixo tóxico em casa. Por mais que o mantenha emsegurança, o ideal é que o lixo vá para o localno qual será, definitivamente, armazenado”, explicou opesquisador Judicael Clevelário, da Coordenaçãodos Recursos Naturais do IBGE.Segundo o pesquisador,a questão é polêmica e envolve decisõespolíticas. “Você deve colocar [o lixo] em umlocal onde possa vigiá-lo, para ver o que estáacontecendo, intervindo quando necessário, e ao mesmo tempolonge do alcance das pessoas. Aí entra a questão dequem quer um depósito perto de sua casa? Essa questãoainda não foi resolvida pelos canais responsáveis”,disse.No Brasil, a maiorparte do lixo radioativo fica em São Paulo, que armazena 36%da produção nacional. O Rio de Janeiro, mesmo com asusinas Angra 1 e Angra 2, fica com19% do total, e a Bahia, com 18%.