Vinicius Konchinski
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - Cerca de 60 índios Guarani-Kaiowá encerraram hoje (18), em São Paulo, uma peregrinaçãode uma semana, organizada com o objetivo de cobrar uma soluçãopara questão fundiária da etnia. Depois de passar porCampo Grande e Brasília, eles participaram do seminárioO Caso Guarani Kaiowá: uma história de violaçãodos Diretos Humanos, realizado na sede da Faculdade de Direito daUniversidade de São Paulo (USP). O grupo reivindica a posse de áreas tradicionalmente ocupadas porsuas tribos.De acordo com os representantes das comunidadesKaiowá que discursaram durante o evento, os índios daetnia que viviam espalhados pelo Mato Grosso do Sul foram espremidos em pequenos territórios demarcados pelogoverno a partir de 1915. Esse processo, dizem eles, resultou emconflitos entre membros da própria etnia e em dificuldades desubsistência devido à escassez de área para caçae pesca.Agora, eles lutam pela posse de seus antigosterritórios, muitos deles já ocupados por agricultorese pecuaristas que chegaram à região no séculoXX. Usam como argumento a Constituição Federal, queprevê a destinação para os povos indígenasde todos os territórios tradicionalmente ocupados por eles.“O problema é que não existe nopaís uma política pública para resolver essa questão. Política pública no Brasil é pararesolver problema de político, de banqueiro”, disseAnastácio Peralta - ou Avakuarahy Rendeju, em línguaindígena -, um dos membros da comissão de diretosindígenas da etnia. “O que predomina no país éa mentalidade exploradora, que beneficia os agricultores.”Segundo Peralta, a luta dos Guarani-Kaiowánão é só pelo território, mas tambémpela manutenção da tradição da etnia.“Não somos nós que somos donos da terra, a terra éque a nossa dona”, afirmou. “Queremos viver e morrer ali. Serfeliz.”