Carolina Pimentel
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva reuniu na noite de hoje (31), no Palácio do Planalto, 13 líderes dos partidos aliados e os ministros da coordenação política para discutir a denúncia de que o governo montou um dossiê sobre os gastos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso com cartões corporativos e uma estratégia de defesa para a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff.Segundo o líder do governo na Câmara, deputado Henrique Fontana (PT-RS), a base aliada vai trabalhar para impedir uma convocação da ministra para depor no Congresso Nacional. “Como líder do governo vou trabalhar para que ela não seja convocada na CPI [Comissão Parlamentar de Inquérito dos Cartões Corporativos], ela não deve ser convocada. A convocação dela inauguraria uma lógica perversa. Vamos trabalhar para não ser convocada”, disse o líder do governo na Câmara, deputado Henrique Fontana (PT-RS). “Se essa moda pega, qualquer pessoa pode supostamente vazar um documento que seria oficial e respaldar uma matéria jornalística e, a partir daí, colocar todo o aparato de Estado para investigar aquela matéria jornalística para ver se é verdadeira ou não. Não podemos viver em um ambiente assim”, completou o líder, acrescentando que não vê indícios concretos para a convocação da ministra. A oposição insiste em tentar ouvir a ministra Dilma Rousseff e assessores da Casa Civil. O senador Álvaro Dias (PSDB-PR) apresentou hoje requerimentos de convocação da chefe de gabinete da Secretaria Executiva da Casa Civil, Maria de la Soledaded Bajo Castrillo, e da secretária executiva do órgão, Erenice Alves Guerra. O ministro de Relações Institucionais, José Múcio, também saiu em defesa da ministra. “A orientação da base é que convoque aqueles que verdadeiramente - sem espírito político, sem espírito de revanchismo - venham contribuir com a CPI”, disse o ministro, voltando a negar que o governo tenha montado o suposto dossiê e dizendo que a credibilidade da ministra Dilma não pode ser colocada em xeque por causa de um indivíduo que de forma criminosa retirou informações de um banco de dados. Questionado por um jornalista se alguém infiltrado dentro do governo poderia ter organizado o suposto dossiê, Múcio respondeu: “Se eu soubesse responder isso, estaria dizendo quem é. Como foi tirado de um banco de dados que existe aqui, nós supomos que sim. Mas isso não é uma peça [o dossiê] feita pelo governo”.“Ninguém pode comparar uma servidora pública com a história da ministra Dilma, servindo como serve e todas as obras que têm administrado, com quem a gente não enxerga, um clandestino”, completou.