Cristiane Ribeiro
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Uma semana depois de instalado o gabinete de crise, formado por representantes dos governos federal, estadual e municipais para conter o avanço da dengue no Rio de Janeiro, a situação nos hospitais continua a mesma, com dezenas de pessoas aguardando até oito horas na fila para o atendimento. As crianças continuam sendo as maiores vítimas. Das 61 mortes confirmadas até hoje (31), 34 são de crianças. No Hospital Municipal Lourenço Jorge, na Barra da Tijuca, apontado pela própria prefeitura como referência para o tratamento da doença na região da Barra e Jacarepaguá, o domingo foi de desespero para muitas mães que buscavam atendimento para os filhos, muitos ainda de colo. Elas ouviam dos vigilantes e dos funcionários administrativos a informação de que não havia pediatras na unidade. Uma médica, que não quis se identificar, confirmou a informação, acrescentando que "no início da manhã houve até confusão". No colo da mãe, a pequena Juliana Soares, de um ano e dois meses, com o nariz escorrendo, chorava. A mãe, Eliane, de 19 anos, moradora na Cidade de Deus, diz que a menina tem febre alta e vômito. "Depois de esperar quase toda a manhã, eles disseram que não tem médico e que eu tinha que procurar outro hospital. Agora vou em casa pegar mais dinheiro com minha mãe e ir para outro hospital. Nem sei pra onde vou."A professora Patrícia Marques saiu de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, com a filha de 14 anos, em busca de atendimento médico e foi parar no Lourenço Jorge. Nas mãos, o resultado do exame de sangue feito em laboratório particular mostra que as plaquetas caíram de 72 mil para 56 mil em 24 horas. "Em Caxias, nem as clínicas particulares estão dando conta. Minha filha precisa ser internada. Viajei mais de uma hora de ônibus em busca de atendimento aqui na Barra, mas disseram que não tem pediatra." Nos hospitais da rede municipal do Rio, os profissionais não podem dar entrevistas à imprensa. A assessoria da Secretaria de Saúde informou, por telefone, que havia três pediatras no plantão no Lourenço Jorge, mas que a demanda estava muito grande e, por isso, os médicos não estavam dando conta do serviço.No hospital estadual Albert Schweitzer, em Padre Miguel, na zona oeste da cidade, também eram grandes as filas de espera. O chefe da equipe de plantão na unidade, Dílson Pereira, reconheceu a demora. Ele disse que a demanda de pessoas com sintomas de dengue aumentou bastante, mas que na última semana as condições para o atendimento melhoraram. Segundo ele, se a unidade estiver com capacidade lotada para a hidratação, os pacientes são levados em uma van para a tenda de hidratação montada ao lado da Unidade de Pronto Atendimento 24 horas (UPA) de Campo Grande."Não tenho dados estatísticos em mãos, mas o que a gente vê é que a epidemia ainda não começou a cair. A demanda está ainda grande. Só que agora está ficando mais fácil de trabalhar, porque estamos tendo mais condições de internação", destacou o médico.