Para especialistas, custo de termelétricas compensa risco de racionamento

27/03/2008 - 20h49

Sabrina Craide
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Opossível aumento na conta de luz dos brasileiros por causa douso de energia das termelétricas será um custo menorpara o país que o de faltar energia no ano que vem. A avaliação é de Nivalde de Castro, coordenador do Grupo deEstudos do Setor Elétrico do Instituto de Economia daUniversidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Segundo ele, o consumidor poderá pagar de 3% a 5% a mais natarifa de luz a partir de 2009: “Nósvamos pagar um pouco mais, mas não vamos ter um apagão igual ao de 2001.” O professordisse acreditar que ao longo do ano o governo devrá acionar as termelétricasnovamente, para economizar água dos reservatórios dashidrelétricas e não ficar dependendo das chuvas do anoque vem. E considerou acertada a decisão do Comitê de Monitoramento do SetorElétrico (CMSE) tomada hoje (27), de manter as termelétricasacionadas por pelo menos mais 15 dias.“A manutençãodas termelétricas funcionando age como uma espécie deseguro e permite que entremos no período de seca com osreservatórios em um nível mais alto”, disse. Para o Grupo de Estudos da UFRJ, a pior situação dos reservatóriosestá nas Regiões Sul e Nordeste, onde os níveis atingem 43% e 61% da capacidade total, respectivamente. NoSudeste, os níveis estão em 61% e no Norte, em 80%.

Opresidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), MaurícioTolmasquim, também considerou que o custo maior das termelétricas se justifica pela segurança de não faltar energia nofuturo. “Toda energia que é gerada tem um custo e épaga, seja pelo consumidor, seja pelos próprios geradores.Isso é normal, a segurança tem um custo. O maior custoque um país pode ter é o da falta de energia”,avaliou.

Para ele, aoperação das termelétricas "é uma situação normal e será mantida enquanto for necessário – pode ser que daqui a 15 dias se resolva desligar, pode ser que não”.

Tolmasquimainda disse acreditar que a decisão de manter as termelétricasligadas foi uma atitude de prudência: “O objetivo éaumentar a poupança de água nos reservatórios eter a certeza de que 2009 será um ano tranqüilo, e mesmo com a hidrologia muito ruim, não tenhamos riscode racionamento”.