BNDES manterá apoio a projetos de infra-estrutura na América do Sul, diz Coutinho

27/03/2008 - 20h35

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - O Banco Nacional deDesenvolvimento Econômico e Social (BNDES) manterá seu apoio a projetos de infra-estrutura de empresas brasileiras na Américado Sul, disse hoje (27) o presidente da instituição,Luciano Coutinho. “O banco tem hoje umacarteira de US$ 10 bilhões para operações naregião, que seguem o curso normal. Queremos, inclusive, maisflexibilidade para concretizá-las", acrescentou. E explicou que essa flexibilidade é necessária porque algumasdessas operações envolvem países que enfrentamdificuldades ou apresentam fragilidade em seus balançosde pagamento. Nem todas as operações, informou, passam pelo chamado convênio de crédito recíproco (CCR), um mecanismo de compensação escritural e de garantias, que funciona com base no cancelamento contábil de créditos e débitos registrados pelos bancos centrais participantes do sistema. E como algumas apresentam problemas de garantia, o objetivo é aperfeiçoar os mecanismos de operação dessa carteira.“O desenvolvimento da América do Sul é muitoimportante para o Brasil. Tanto na integraçãologística, por rodovias e ferrovias, quanto na integraçãoenergética", disse. O apoio do BNDES na região, explicou, é normalmente destinado à exportação de serviços de engenharia e equipamentos que têm impactopositivo sobre o emprego no Brasil.

Sobre a crise financeira norte-americana, Coutinho afirmou que não afetará os financiamentos da instituição. "A preocupação é que a crise bancária internacional se complique e tenha algum rebatimento em aumento da demanda sobre os recursos do BNDES, porque isso exigiria um esforço adicional em termos de captação de recursos. Estaremos mais felizes se os mercados estiverem mais tranqüilos”, disse.

Ele destacou que, mesmo na possibilidade de um aperto no crédito no mercado externo, a ampliação da capacidade produtiva e a criação de infra-estrutura são fundamentais para suportar o crescimento econômico brasileiro, “sem pressões inflacionárias e sem gargalos impeditivos”. E garantiu que o BNDES conseguirá “meios e formas de suprir o hiato que eventualmente venha a ocorrer”.

Após um período de estagnação, lembrou, o Brasil vive um ciclo de crescimento na taxa de investimentos. Para Coutinho, se a taxa de juros de longo prazo no mercado já tivesse convergido para a taxa de juros praticada pelo BNDES em suas operações (a TJLP), não haveria problema. No período de transição que se prolongará ainda por alguns anos, afirmou, caberá à instituição fechar esse hiato. "As soluções serão encontradas", disse.

E descartou a possibilidade de elevação do spread (taxa de remuneração), mesmo que o crédito fique mais restrito ou mais caro: "O BNDES vai manter as suas condições e, se possível, melhorar."

Indagado se a oferta poderia ser reduzida em função do aumento da demanda, Luciano Coutinho informou que o BNDES  já entregou ao ministro da Fazenda, Guido Mantega, subsídios referentes a cinco setores industriais, nos quais não foi identificado qualquer gargalo. "Os subsídios apontam para uma criação robusta de capacidade produtiva que, do nosso ponto de vista, dissolve preocupações quanto ao surgimento de gargalos de oferta  importantes ou com potencial de terem carga inflacionária”.