Kelly Oliveira
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A influência do crescimento da renda do brasileiro é mais forte no aumento da demanda por produtos do que a expansão do crédito. A afirmação é do o diretor de Política Econômica do BC, Mário Mesquita , que apresentou hoje (27) o Relatório Trimestral de Inflação.No documento, o Comitê de Política Monetária (Copom) reitera a preocupação com o ritmo acelerado de crescimento da procura por bens e serviços, mesmo com os investimentos das empresas para atender à demanda. Segundo o diretor, há um descompasso entre a procura por produtos e a oferta no mercado.Mesquita lembrou que na composição do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), 9,8% referem-se ao consumo de bens duráveis e 26,5% de não-duráveis. "Então tem uma ampla gama de produtos que são os semi-duráveis e não-duráveis que normalmente não são adquiridos a crédito, cuja demanda responde à renda. Portanto, a renda ainda tem um papel importante para determinar a expansão da demanda agregada".A projeção do Copom para a inflação em 2008 é 4,6%, 0,1 ponto percentual acima do centro da meta fixada pelo governo (4,5%). O índice é 0,3 ponto maior do que o projetado em dezembro de 2007. A projeção leva em conta o cenário de referência, com a manutenção do dólar em R$ 1,70 e dos juros em 11,25%.Sobre a possibilidade de o Banco Central adotar medidas de restrição à expansão do crédito, levantada pelo imprensa nos últimos dias, o diretor afirmou que a autoridade monetária não tem tradição de "pré-anunciar medidas".No que diz respeito à crise internacional, ele afirmou que o BC está sempre estudando o segmento bancário e mantém contatos permanentes com outros bancos centrais do mundo para tirar "lições dessa turbulência”.Sobre reunião para tratar da expansão do crédito, realizada ontem com representantes de instituições financeiras com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, da qual o diretor participou, ele disse que o governo monitora diversos setores."A tendência, na medida que o Brasil permaneça com economia estável, é que esse segmento [de crédito] se desenvolva".