Vladimir Platonow
Repórter da Agência Brasil
Tabatinga (AM) - Os direitos doshomossexuais são mais respeitados em grandes centros, situaçãoque não se repete em municípios do interior do país.Foi o que afirmou o presidente da Associação dosHomossexuais do Acre, Germano Marino, que participou da ConferênciaEstadual de Políticas Públicas para Gays, Lésbicas,Travestis e Transexuais. Realizado em Tabatinga (AM), o eventoterminou ontem (15) e reuniu pela primeira vez representantes doBrasil, Colômbia e Peru. “Precisamos de umarede de proteção social, que são os tribunais dejustiça, ministérios públicos, OABs [Ordemdos Advogados do Brasil], para que interajam com o movimento, afim de transformar ações de políticas públicasdo governo em ações de estado, para garantir direitoscivis à população GLBT em sua localidade”,defendeu Marino.O coordenador da Conferência Estadual dePolíticas Públicas GLBT do Amazonas, Francisco Nery,explicou que a realização do encontro em Tabatingadeve-se ao grande número da população GLBT quevem da Colômbia e do Peru para o Brasil, fugindo dospreconceitos em seus países de origem. “Eles vêm embusca de uma nova vida. Aqui eles têm maior receptividade. Amaioria das travestis de Tabatinga é de colombianas eperuanas”, contou Nery.Ele destacou ainda que, ao contrário dasgrandes cidades, nos municípios do interior do Amazonas, ahomofobia (aversão a homossexuais) é branda, embora nãototalmente tolerável. “Por ser uma cidade pequena, aspessoas se conhecem mais. Estou trabalhando no interior do estado eainda não encontrei violação dos direitoshumanos em relação aos homossexuais por parte dapolícia, ao contrário das grandes cidades, onde écomum os policiais agredirem a população GLBT”.Outro assunto abordado durante a conferênciafoi a prevenção de doenças sexualmentetransmissíveis e Aids (DST/Aids). Segundo Nery, o Brasil estábem mais avançado do que a Colômbia e o Peru, onde ascampanhas são poucas. “No Brasil, o assunto é maisfalado e tem mais recursos, por fazer parte da política doMinistério da Saúde de enfrentamento da epidemia daAids e das DST. Na Colômbia e no Peru, não se usa essapolítica”.As conferências estaduais de políticaspúblicas para a população GLBT sãopreparatórias para a conferência nacional, que vaiocorrer de 7 a 9 de junho deste ano, em Brasília.