Mylena Fiori
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O líder espiritual do Tibete, Dalai Lama,chamou de genocídio cultural os incidentes que resultaram namorte de dezenas de pessoas na capital do Tibete, Lhasa, nos últimosdias. "De forma intencional ou não, um genocídiocultural está em curso", disse Dalai Lama hoje (16),entrevista coletiva concedida à imprensa na cidade indiana deDharamsala, onde vive exilado. A violência em Lhasa é resultado demanifestações por causa da prisão de mongesbudistas que realizaram ato em defesa de um levante que ocorreu em1959, no Tibete, contra o domínio chinês. Os protestoscomeçaram no dia 10 e continuaram ao longo da últimasemana, com greves de fome e tentativas de suicídio de mongestibetanos. As manifestações foram reprimidas peloexército chinês.Ontem (15), centenas de tibetanos protestaramcontra a violência em frente à sede das NaçõesUnidas em Nova Iorque. Com bandeiras do Tibete e velas, os tibetanosno exílio gritaram palavras como “genocídio”,“direitos do homem no Tibete”, “A China é culpada” e“Vergonha para a ONU”. Alguns militantes agitavam faixas comfrases como “A China fora do Tibete, “A China matou mais de 100tibetanos esta tarde” ou ainda “Parem de matar os tibetanos”.Também ontem, o parlamento do Tibete noexílio pediu à Organização das NaçõesUnidas (ONU) que investigue com urgência os atos de violência.O governo tibetano no exílio, estabelecido na cidade deDharamsala, alega ter "relatórios com informaçõesnão confirmadas provenientes do Tibete" que apontam amorte de cerca de 100 pessoas nos conflitos de sexta-feira.Oficialmente, as autoridades chinesas confirmam 10 vítimas. Neste domingo, o mestre tibetano pediu ajudainternacional. "Por favor, se isso for possível, abram uminquérito e que um organismo internacional investigue sobre asituação no Tibete", defendeu Dalai Lama, segundoa Agência Lusa.O líder espiritual – vencedor do PrêmioNobel da Paz em 1989 – também denunciou o “regime deterror” imposto pela China comunista ao Tibete, mas deixou claroque não apóia o boicote às Olimpíadas dePequim, que acontecem em agosto deste ano. "Desejo estes jogos,o povo chinês precisa se sentir confiante, a China mereceacolher os jogos Olímpicos", afirmou.