Cubanos refugiados querem fazer sucesso com a banda que formaram no Brasil

14/03/2008 - 20h45

Sabrina Craide
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Os trêsmúsicos cubanos que tiveram o pedido de refúgioaceito hoje (14) pelo Comitê Nacional de Refugiados (Conare)querem agora fazer sucesso com a banda que formaram no país,ao lado de mais um cubano e dois brasileiros. A banda BrasCuba tocaprincipalmente música cubana de raiz.Ementrevista à Agência Brasil, o violonista dabanda, Juan Alcides Díaz, disse que se sente “o homem maisfeliz do mundo” com a decisão do Conare. “É algoque esperávamos desde que chegamos ao Brasil, e sempreesperamos que a decisão final fosse positiva”, disse.Segundo ele, o objetivo agora é ampliar o repertório dabanda, fazendo uma mistura de música cubana e brasileira.“Vamos trabalhar muito a nossa música, que foi o que viemosfazer no Brasil”, afirma.Ovocalista da banda, Miguel Ángel Costafreda, agradeceu aogoverno do Brasil pela decisão e ao povo brasileiro pelasdemonstrações de carinho.De acordocom o advogado dos músicos, José AntônioFerreira, eles estavam sendo perseguidos politicamente em seu paíspela opção de tocar música de raiz, anterior àrevolução de Fidel Castro. “Toda vez que eles tocavammúsicas antigas, sofriam reprimendas, críticas, ealgumas ameaças. Com a insistência, foram sendoameaçados cada vez mais fortemente, chegando ao ponto daperseguição política”, afirma.Segundo oadvogado, o próximo passo é tentar trazer as famíliasdos cubanos para o Brasil, que também poderão receber orefúgio.Opresidente do Conare, Luiz Paulo Barreto, diz que a decisão deaceitar o pedido de refúgio dos cubanos foi baseada em umaconvenção da Organização das NaçõesUnidas de 1951, em uma lei brasileira de 1997 e no princípiodo direito internacional humanitário. Segundo ele, os cubanosterão os mesmos direitos civis que os brasileiros: poderãotrabalhar, fixar residência, abrir conta em banco, ter carteirade trabalho e acesso a direitos como saúde e educação.Só não poderão exercer os direitos políticos,como votar, ser votado e assumir cargos públicos.Oscubanos também não podem praticar atos políticos,inclusive contra o país de origem. “A proteçãoé humanitária. Em nenhum momento o Brasil poderiaabrigar essas pessoas para que elas aqui exercessem qualquer tipo deproselitismo político, ação políticacontra o seu país de origem”, explica Barreto. Para viajar aoexterior, os cubanos terão que pedir autorizaçãodo governo brasileiro.Barretogarante que a aceitação do pedido de refúgio nãoterá impacto nas relações entre Brasil e Cuba.“Não é de nenhuma maneira um ato inamistoso comrelação a Cuba. O Ministério da Justiçatem as melhores relações com o governo de Cuba, estamosestreitando as relações. Mas é um princípiode direito internacional, a pessoa poder pedir refúgio emoutro país quando sente uma divergência política”,afirma.SegundoBarreto, atualmente existem 3.510 refugiados de 50 nacionalidades noBrasil. Ainda há 49 pedidos de refúgio sendo avaliadospelo governo brasileiro.